sexta-feira, 5 de outubro de 2012

HISTÓRIA DE PESCADOR


Domingos, da Praia das Sete Fontes, num momento de prosa
 

                O professor Pedro Paulo, na noite de ontem, lançou o seu livro de causos: Na boca do povo. São passagens de outros tempos narradas sob uma forma muito agradável. Ao lê-las, reconheci vários personagens (Domingos Barreto, Peres, Maneco Apolinário e outro tanto). Vale a pena apreciar mais este registro a colaborar com a memória caiçara. Um exemplo:

                 História de pescador

                Quando: 1954 – Em Ubatuba.

                 O pescador Tião Fonseca chegou do mar com sua canoinha, a “Pretinha”, com alguns peixes que pegou, no balaio de timbopeva (cipó) e pacientemente, depois de uma noite no mar, rolou sua embarcação até meia praia. 

                Acabara de acender o pito quando um turista (coisa rara naquela época) se aproximou:
                - Boa pescaria, heim?
                - É...
                - O senhor vende os peixes?
                - Vendo...
                - Quanto quer por tudo?

                Tião coçou a cabeça, olhou para o horizonte, tirou duas baforadas do seu pito e, assim meio desinteressado, falou:
                - Sete merréis...
                - Tá muito caro, meu amigo!
                - Se quereis compra, comprai; se não quereis, não comprai, o peixe é meu e o dinheiro é vosso.

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