Antigamente
os laços de amizade eram mais marcantes, havia mais compreensão, caridade e
respeito entre as pessoas. Nas
comunidades caiçaras também não era diferente. Por mais extraordinário que fosse alguém, ele
convivia bem, tinha uma vida regular, sem discriminação gritante. Na comunidade
da Praia da Fortaleza, por exemplo, tinha o primo Durvalino que aparentava ter
uma deficiência mental. O tio Tião dizia: “O Durvalino é rescardado”. No
entanto, ele puxava rede, participava das prosas, se sentia bem à vontade. Parecia
ser feliz no jeito que era o seu viver.
O
tio Tonico dizia que o comportamento do Durvalino se devia à criação. A tia
Bertolina o educou fazendo de tudo para resguardar das situações perigosas. Isso
resultou num ser extremamente medroso. Notícias de guerra lhe causavam alvoroço
e fuga de tais assuntos. Era um recurso
recorrente de alguns só para causar risos diante da reação do coitado.
Naquele
tempo, já passando das vinte horas, era hora de dormir. Numa noite, estando o
Durvalino na casa do Cândido, a Maria disse no intuito de forçá-lo a ir
logo para casa:
-
Acho bom você já ir embora. Amanhã cedo todo mundo trabalha. Além do mais, você
não pode demorar para passar nesse caminho até a sua casa. Você sabe que logo
depois do rio tem aparecido uma mulher sem cabeça?
Ele
nem pestanejou para responder:
-
Ah é?!? Eu não tenho medo. E pode deixar: se eu a encontrar eu ponho a cabeça.
O
Cândido desatou na risada, dizendo:
-
É bobo mais custa! Sabe muito bem o que fazer com a mulher! Ela que não seja
boba de aparecer!
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