Mais uma imagem de regata no Rio Puruba para todos os seguidores, principalmente ao Diógilei e Lucas |
Coitada
da Isaura! Agora, passando dos oitenta anos, já viúva, conforme dizer dos
antigos caiçaras, “vive variando pela casa”.
Para
ajudar a compreender:
A
Isaura, assim que deixou a solteirice, por imposição do marido, deixou de ser
católica para ser “crente” da Congregação Cristã do Brasil. Teve que dar adeus às funções (bailes), às rezas e
festas na capela da praia e às conversas
e visitas espontâneas aos vizinhos. Também deixou de frequentar as rodas
de conversas tão comum após os momentos litúrgicos na capela São João Batista.
Após
a conversão, novos hábitos tiveram de ser adotados. Os cabelos não poderiam ser
cortados, o marido e os meninos teriam de andar sempre de calças compridas. As
meninas deixaram de cultivar a vaidade como as demais da localidade. As
vestimentas para se apresentar nos cultos nas praias Brava e do Lázaro,
exigiram investimentos: eram ternos caprichados pelo alfaiate da cidade, o
Mendes. Os vestidos não poderiam mais ser da chita floreada consumida pelas
demais caiçaras. Era uma boa quantia do tão custoso dinheiro só para as roupas.
O
pior ficou para os santos, digo, imagens e miniaturas em gesso e cerâmica.
Foram quebrados, queimados, enterrados, jogados nas costeiras ou nos penhascos.
Os católicos somente lamentavam. Os “crentes” destoavam de uma história de
séculos, mas fazer o quê? Continuavam
amigos, eram parentes, mesmo que vivessem à parte da comunidade. Nem dos
pitirões (mutirões) eles participavam mais. Notadamente, outro espírito passou
a nortear o meu povo. Destes “novos caiçaras” veio uma nova onda de
capitalistas. Até hoje é assim: parece que o acúmulo de riquezas (dinheiro e
bens) é sinal evidente da graça de Deus.
Agora
a Isaura está variando. Vive recitando as rezas da sua juventude, cantando as
maravilhosas composições da sua religiosidade primeira. Reza terço diariamente.
E xinga! Tudo isso faz parte das
saudades de um tempo bom, que marcou muito a querida Isaura. Será,
então, que a coitada passou a maior parte da vida se reprimindo?
Isto
eu já li do Umberto Eco: “Recordar é selecionar”.
Obrigado pela homenagem e menção.
ResponderExcluirAmo Ubatuba!
Estou conhecendo mais minha querida cidade devido à página que criei no Facebook :
Ubatuba - Bonita por natureza
Curta a página,onde procuro mostrar TODA a Ubatuba,desde a divisa com a Tabatinga até o Cambury,divisa com Trindade,Paraty,já no RJ.
E por causa disto,venho publicando fatos e fotos da região norte também, que,infelizmente,não conhecia quase nada e é fantástica.
Nós do sul de Ubatuba não conhecemos muito o norte e vice-versa.
Admiro muito seu site e percebo a qualidade das publicações.
Parabéns!