A tia Maria da Barra, irmã da vovó Eugênia, era uma bondade só. Vizinha do nhonhô Armiro, sempre acolhia a todos muito bem, oferecia bolachas e contava histórias sempre com alguma lição de vida.
O que mais me impressionava na titia era o pé com alguns dedos remontados devido a uma picada de cobra brava.
Ela contava causos muito bem, falava da religião, interpretava histórias bíblicas e outras coisas mais. Foi quem descreveu nos mínimos detalhes a última ceia de Jesus com os seus seguidores, substituindo os Judas (Tadeu e Iscariotes) por outros (Matadeus e Carioca).
De alma simples, a tia Maria era muito supersticiosa: chinelo tinha que estar sempre desvirado, gato preto que tivessem os outros, cordão de capiá não saía do pescoço.
Numa ocasião, quase morreu de susto quando uma borboleta preta pousou no colo de São Benedito, "o meu pretinho", conforme a intimidade dela. Imediatamente deu uma cintada na coitada, mas quem levou o pior foi o franciscano negro: caiu no chão de terra batido, tombou no pé do pilão e se desprendeu da cabeça. Com os olhos arregalados, assim se expressou a titia: “T’esconjuro, praga...”. E desfiou uma ladainha de nomes que não tive a capacidade de decorar.
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