quarta-feira, 7 de março de 2012

GABRIEL SUPLÍCIO, O PESCADOR DE LARGO

Um pedaço da ilha do Mar Virado e a sua Filhota (chamada carinhosamente de "Cagadô do Arseno")


                Parece brincadeira com espírito de caiçara, mas... o Gabriel Suplício, natural da praia Brava, hoje chamada erroneamente de praia do Lamberto, foi casado com Maria Perpétua e formavam um simpático casal, mesmo sem a colaboração dos nomes (que parecia querer dizer um suplício perpétuo). Viveram juntinhos até a separação provocada pela dona Morte.

                Gabriel era pescador como todo caiçara daquele tempo. Porém, tinha uma característica única: só pescava no largo, ou seja, jamais você o encontraria jogando linhada de costeira ou do lagamar. O comum era avistá-lo apoitado perto de onde morava, onde era pesqueiro de embetaras, tortinhas, micholos, baiacus e outras iguarias de profundidade rasa.

                Um companheiro de pescaria do Gabriel era o Dito Funhanhado, morador do sertão do Perequê-mirim. Vez por outra, a companhia era da própria companheira. Eles não tiveram filhos. Acho que não existe mais ninguém da geração deles.

                Certa vez, pescando tortinhas com o meu pai, logo ali, perto da Pedra do Alçapão, ao avistar os dois companheiros curricando sororoca, ouvi o seguinte comentário do meu velho: “Que suplício funhanhado!”. Imediatamente, no mesmo espírito, acrescentei: “Poderia ser pior. Imagine se a mulher do Gabriel também estivesse na canoa! Seria um perpétuo e funhanhado suplício!”.

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