Vamos comparar os tamanhos? |
Eu gosto de encontrar o Hilário, da praia Grande do Bonete, que tem, nos seus oitenta anos, uma forma física bastante peculiar, sobretudo quando “está pra lá de Bagdá”, embalado pelo “excesso de sangue na corrente alcoólica”: balança, gesticula, aperta mais os olhos do que é costume e sempre tem alguma coisa engraçada para contar.
E o seu nariz?! Ah! Lembro-me bem das brincadeiras do vovô (também narigudo!); de vez em quando dizia: “Pelo nariz, é o Hilário que vem aí”. Já o meu tio Tião Félix, leitor de Jack London, citava-o: “Que nariz! Um tanto maciço para grego e um tanto delicado para romano”.
Dias atrás, partilhando com o Zé Carlos Góis sobre algumas passagens da nossa convivência com o estimado Hilário, leia o que ele contou:
“Na condução, indo para a Lagoinha, o Hilário embarcou daquele jeito que você já sabe. Como sempre, foi conversando com todos. Afinal, quem não o conhece? E o pessoal tem muita paciência com ele! Quando chegou no ponto do desembarque, não é que o danado empacou na porta? Com aquele olhar de ‘janela quase fechando’, começou a repetir para o motorista, o Jorge, filho do finado tio Zacarias do Corcovado: ‘Bóis sois bagabundo!’. O Jorge, coitado, sabia que ali não tinha maldade nenhuma, que era somente uma forma de demonstrar carinho, mas a viagem precisava continuar. Não lhe restava muito a fazer a não ser falar: ‘Eu sei, Hilário. Eu sou vagabundo, mas agora deixa eu fechar a porta para continuar a viagem’. E o embalado praiano voltava à mesma lenga-lenga: ‘Mas bóis sois bagabundo!’. E o motorista: ‘Eu sei, Hilário, eu sei. Mas deixa que eu vá em frente’. Depois, vendo que a coisa não andava, eu fui e o trouxe para tomarmos o caminho do Bonete”.
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