quinta-feira, 29 de março de 2012

AS COMUNIDADES TRADICIONAIS

Barra dos pescadores (Ubatuba)


                O texto do momento deriva de uma mensagem recebida nesses dias da jovem Cássia, filha da querida amiga Ortênsia e do saudoso Acácio, ambos da região da Ponta Aguda, onde as informações noticiam notícias de ações de grilagem de terra correndo à solta, assim como em outras partes do município de Ubatuba. À Ortênsia e aos seus, moradores em Caraguatatuba, mando um forte abraço.

                Os antropólogos estão na linha de frente quando se trata de defender as comunidades tradicionais. Por isso aproveito deste para homenagear o Diegues, um desses especialistas, natural da cidade caiçara de Iguape, quase na divisa com o Paraná. É quem coordena a NUPAUB - USP.

                Os caiçaras, ao escolherem a defesa de sua autenticidade, esbarram nos egoísmos daqueles que cobiçam as suas áreas (naturais e preservadas) para demonstração da rentabilidade econômica e da negação à vida de pessoas humildes, que se desenvolveram num lugar específico graças aos recursos naturais e à criatividade diante das necessidades, Portanto, em qualquer território da Terra há culturas distintas, únicas. São elas que formam o patrimônio principal de uma nação. Constituem-se como comunidades tradicionais!

                Atualmente, o fenômeno que mina mundialmente as comunidades tradicionais é a globalização. Os sedentos de lucros a qualquer custo querem fazer crer que o mundo é a sua casa, que os produtos deles e do mundo lhes pertence mediante desembolso. Por decorrência, um padrão globalizado vai se fazendo como “modelo único, perfeito”. Desse modo, e por falta de uma reflexão sobre a cultura local (de cada comunidade tradicional), vamos perdendo valores e características que se forjaram em séculos de história. Vamos nos compondo numa massa cultural pré-disposta à alienação, à exploração em todos os aspectos. Resumindo: deixando de ser a gente porque a ordem é copiar e consumir os produtos dos outros (que geralmente exercem o controle a partir de terras bem distantes).

                Eventos como o CAIÇARAU e outros são alternativas de reconstrução cultural. Que venham muitos! Parabéns ao Bado e a todos que concorreram para o sucesso da empreitada!

                Acreditando que a resistência é coisa de gerações, vou parar por aqui parafraseando Machado de Assis:

                “Mesmo miseráveis, todos abençoarão esse canto de terra que proporciona algumas ilusões”.

               

Nenhum comentário:

Postar um comentário