No final do século XIX, pouco antes de D. Pedro II perder o trono brasileiro, alguns homens de negócio se “interessaram” por Ubatuba, resolveram investir numa ferrovia, cujo traçado, depois de alcançar Taubaté, se estenderia até São Bento do Sapucaí.
O projeto foi aprovado, o financiamento foi garantido, as obras tiveram início. A estrada que conduz ao cais, onde há uma base de pesquisa de pescados, conhecida pelos ubatubanos por Caminho do Cais é a marca mais evidente que restou dessa iniciativa. De acordo com o Sebastião de Souza: “Deu um trabalhão aquela pedraria. Foi toda cortada para receber os dormentes e os trilhos. Depois, passando a ponte sobre o Acarau, foi a vez do mato do jundu e do caxetal do Itaguá, indo em direção à cidade, ao centro. Era uma picada reta. Foi quando veio a crise e tudo passou”.
A crise a que se refere o caiçara do morro do Tenório, é a Revolta da Armada, ocorrida nos primórdios republicanos. Tratou-se de um “fôlego monarquista garantido pela Marinha”; uma tentativa de retorno aos princípios monarquistas. Não vingou. Em Ubatuba, onde os monarquistas prevaleciam, houve o golpe: a cidade teve os benefícios (que garantiam a ferrovia ) cancelados.
Os túneis e as estações começados foram abandonados, assim como trilhos, dormentes, parafusos e tantos outros apetrechos que sustentariam a obra “ficaram ao léu”. Bem mais tarde, no cais, onde seria o terminal ferroviário de carga, surgiu o Entreposto de Pesca. A área foi revitalizada. O desembarque dos barcos sardinheiros movimentaram, na década de 1970, até quatro salgas. A plataforma tornou-se um ponto de pesca, sobretudo aos veranistas.
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