Uma noite de festa na capela- 1992 |
Nas festas do mês de junho e no dia especial de Nossa Senhora das Dores, na Comunidade do Itaguá, o grupo de dança da fita não deixa nunca de abrilhantar os momentos. É uma das principais atrações no terreiro da capela que olha para o mar. É parte da comunidade caiçara dali.
De acordo com os moradores mais velhos, a dança da fita é uma festa do ciclo natalino que migrou da praia da Enseada há mais de cinquenta anos, mas veio do Sul, de Santa Catarina. Herança dos açorianos, foi trazida pelos festeiros pescadores, sob a liderança do mestre João Vitório (da Enseada) ao nosso município.
Era comum em outras épocas as pessoas se deslocarem de pontos distantes para participarem das festas comunitárias comuns em todos os bairros e praias. Dentre as mais famosas estavam: Festa da Cruz (Camburi), São João (Fortaleza), São Sebastião e Santana (Grande do Bonete), Santa Rita (Santa Rita), Santana (Perequê-mirim), N.S. das Graças (Sertão da Quina), Coração de Jesus (Caçandoquinha), Senhor Bom Jesus (Ilha Anchieta) e as já citadas do Itaguá. Elas fortaleciam o sentimento de unidade cultural.
Na evolução da dança da fita, os pares se distribuem ao redor de um mastro carregado de fitas coloridas. Acompanhados por uma música popular, os casais, segurando as fitas, vão apresentando movimentos harmônicos de acordo com o sinal do mestre (ou capitão). Os trançados vão se formando na madeira do mastro, se diversificando, se destrançando e novamente se organizando. As cores das fitas e das roupas, além das manobras perfeitas, encantam muita gente. O que poucos sabem é que as evoluções da dança da fita pertencem a um passado bem passado, do tempo pagão (quando nem se sonhava com o cristianismo). É um ritual agrário dos povos primitivos. Por isso eu recomendo: na próxima oportunidade de apresentação da dança da fita, tente ver os diversos momentos da lida no campo: preparo da terra, semeadura, crescimento, colheita e agradecimento pelos frutos da terra.
Eu conheci o grande mestre Benedito Correa Leite, caiçara da praia Vermelha do Baguari (Vermelhinha). Na sua moradia (no jundu) tomei café, apreciei o seu trabalho com redes e escutei boas experiências de vida. Depois veio o Élvio e todos da nova geração.
A dança da fita e outras tradições cumprem a função de cimento na cultura caiçara.
Viva todos aqueles que mantêm a potência desse cimento!
Viva a comunidade do Itaguá!
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