Barraca no jundu - Arquivo JRS |
Em outra ocasião, passando pela orla da praia, avistei uma barraca grande, parecendo ser de gente que veio de outra cidade. Pensei, após ver os equipamentos instalados: "Tá com jeito que que irá ficar ali por vários dias aquela barraca". Perto dela um homem escovava os dentes; pouca coisa mais distante, na beira do rio, duas crianças se divertiam com um prancha de isopor. Quero acreditar que essa família, temporariamente instalada no jundu, está desenvolvendo atitudes coerentes em relação ao meio ambiente e à sua preservação, irá se aproximar mais da cultura caiçara. Acampar em família, sob tais condições, é muito diferente de poder se instalar em uma confortável casa fixada na orla da praia, cercada de muros e até contando com segurança particular. E mais: trata-se de usurpação de um espaço público, vital à cultura caiçara e ao lazer das classes populares. Lembrei-me agora de um amigo que, desde pequeno, se deslocava do Vale do Paraíba e passava temporadas com a família na beira do mar, junto aos ranchos das canoas na praia da Barra Seca. Hoje, aquele menino de outros tempos, graças às vivências possibilitadas pelos pais e comunidade caiçara, é um importante aliado das nossas causas. Vive devotado às lutas populares, encabeça movimentos pela VIDA.
Chamo de vivências marcantes tais experiências, tipo assim possibilitado pelos pais daquela barraca. Em outro tempo, vinte e cinco ou trinta anos passados, havia um programa da Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo que promovia intercâmbio entre interior e litoral. Muitas crianças/adolescentes conheceram outras realidades graças a essa iniciativa. Quantas vezes nossas escolas acolheram alunos do interior? Inúmeras! Muitos alunos caiçaras tiveram, naquele tempo, a única oportunidade de viajar e conhecer cidades do interior do Estado! Por que parou?
Nenhum comentário:
Postar um comentário