domingo, 7 de novembro de 2021

A VOLTA DA COBRA

Arte em casa - Arquivo JRS

   

      Clemente, gente do Donato, no espaço da "feira de sábado", me parou para comentar a respeito da cobra engarrafada. Transcrevo o assunto dele:

    "Eu li a crônica, Zé. Naquela ocasião, da cobra engarrafada das Toninhas, eu também estava lá, era servente de pedreiro, trabalhava com o Chico. Você acredita que, no fim do dia, ao removermos a pedra atirada sobre a garrafa, só havia cacos de vidros e nada da cobra? Tenho quase certeza que ele continua viva e fazendo maldades".

    Após ouvir o meu amigo, tendo terminado o serviço que fui fazer, retornei para casa imaginando uma atualização da referida crônica. Se a cobra não foi encontrada morta, é bem possível que ela esteja viva apesar de tanto tempo. Espaço é que não falta! Até imaginei uma continuação da história, nos moldes de tradição de encantamento. Seria esta: uma pessoa maldosa foi amaldiçoada, transformada em cobra e aprisionada em uma garrafa. Depois foi abandonada, condenada a ficar para a eternidade no fundo lamacento de um brejo. Após muito tempo, tendo sido encontrada pelos trabalhadores, uma pedra a libertou, quebrou o encanto que a aprisionava e ela voltou ao nosso tempo. Estranhou as mudanças, não reconheceu ninguém, mas notou que outras pessoas cultivavam gênio igual ao seu, ou seja: disposto às maldades. Se sentindo à vontade e se compondo com tantos pares facilmente encontráveis na atualidade, essa ex-encantada está se realizando com um potencial aumentado muitas vezes (graças ao tempo em que foi cobra sustentada pelo próprio veneno dentro da garrafa). Pior: ela repassa aos que cultivam igual índole seu tesouro acumulado. Vez ou outra você não percebe ajuntamentos para potencializar maldades ao seu redor? Pois é! Estou quase concordando com o Clemente! A cobra da garrafa pode estar viva e arregimentando outras cobras para alcançar seu objetivo maior que é de disseminar o discurso de ódio, de infernizar a vida de todos. Essas demais cobrinhas alimentam a cobra maior. Trata-se de um ciclo do mal sendo atualizado, se valendo, inclusive, de toda a tecnologia disponível nas suas estratégias. Valeu, Clemente!

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