O Divino segue em frente... (Arquivo JRS) |
Encontrei um texto mais antigo com uns versos mais antigos ainda, desses que os foliões e fandangueiros continuam repassando às novas gerações. Daí pensei em escrevê-los aqui, principalmente porque se apresenta, nas proximidades das datas, mais uma Festa do Fandango Caiçara permitindo melhores dias.
A cultura caiçara se fez mantendo muito - mas muito mesmo! - da alma artística do povo Tupinambá, da diversidade de expressões dos negros escravizados e da vontade de sobreviver em terras de Além-Mar por parte dos pobres lusitanos deportados, na finalidade de assegurar a posse da terra que, finalmente, foi sacramentada como Brasil. Hoje, nos muitos aspectos dessa cultura - da nossa cultura! - vemos uma continuidade, ainda que contando com um reduzido grupo de pessoas, desses traços fundantes. A musicalidade é o principal destes. Ela transmite a religiosidade popular, alimenta os bailados e as animações das prosas, dos encontros que alimentam nossas criatividades. Prova disso são os versos seguintes. Espero que mais gente se anime e faça bom proveito dessas devoções, desses festejos da terra ubatubana. Que venha com intensidade a próxima Festa do Fandango Caiçara de Ubatuba!
1- Periquito tá falando/ De onde ele fala eu escuto/ Ele quer ir com o Divino/ Mas tem medo do Macuco.
2- Tanto peixinho nadando em volta/ Tanta mocinha bonita por perto do lago/ Tanto rapaz bom sem coragem/ Só ficando parado, olhando de lado.
3- Você disse que canta, canta.../ Que cantem quem amores tem/ Eu, como não tenho amores/ Não canto pra mais ninguém.
4- As mocinhas da Enseada/ São bonitas, não são feias/ Tem nariz de meia-légua/ E boca de légua e meia.
5- Essa casa tá bem feita/ Com uma cruz na cumeeira/ Salvando a dona da casa/ Com sua família inteira.
6- Essa casa tá bem feita/ Por dentro, por fora não/ Por dentro cravos e rosas/ Por fora, manjericão.
7- O Divino, assim que viu/ Ele logo cobiçou/ Aquele lindo passarinho/ Que do caminho avoou.
Que dó das moças da Enseada!
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