Uma canoa-floreira - Arquivo JRS |
"Os cientistas dizem que somos feitos de átomos. Um passarinho me contou que somos feitos de histórias". Quem escreveu isto foi o escritor uruguaio Eduardo Galeano. Ah, faz tempo!
Me detive ali, ao lado daquela canoa que virou floreira. Tentei fotografar de vários ângulos, mas não sei dizer se me saí bem. Naquele momento se aproximou do local o Carlos, do Laureano. "Tá gostando, Zé? Tais vendo essa canoa velha? Pois saiba que eu pesquei muitas vezes nela. Era do meu compadre Mergulhão, o 'Velho Napo'. Essa madeira é bicuíba, tirada lá do morro do Jetuba. Quem escavou e deixou bonita ainda deve ter sido gente vossa: o Oliveira Quintino, da praia da Ponta Aguda. Agora faz tempo que é falecido, mas era um dos melhores fazedores de canoas que havia por estas bandas. O primeiro nome, dessa que agora repousa acolhendo plantas, era Biruanha, uma variedade de mosca que adora rodear peixe escalado no varal. Se quereis ouvir mais coisas a respeito dela, escutar histórias de gente que pescou com ela, procurais o 'Velho Napo'. Agora cedo é quase certo que ele está tocando violão e cantando para as amadas (esposa e filha). Vai lá".
É, tava certo o passarinho: somos feitos de histórias!
A foto é bela e reveladora, portanto você se saiu bem, Zé. A floreira simboliza a estima que o pescador tem pela canoa, por isso encontrou para esta outra função a fim de mantê-la por perto. Veja que ele podia transformá-la em lenha ou simplesmente descartá-la como um traste. Em vez disso, deu-lhe um fim nobre.
ResponderExcluirGratidão, Jorge. Adorei a canoa-floreira!
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