Desobstrução da barra - Arquivo JRS |
Areia e mar, areia e mar, areia e mar... E lá vem a máquina furiosa para romper a lagoa que vai enchendo tudo e se esparramando pelas ruas próximas, pelos quintais e estacionamentos. Pergunto ao velho pescador se foi sempre assim. "Não senhor! Antigamente não havia a ponte e essa barreira de pedra que teima em querer que a boca-da- barra corra reto, desemboque imediatamente no mar. Mas a coisa não é assim, rapaz. O rio é vivo, caminha no mangue, se arrasta no jundu e rebola quando sente as lambidas do mar. Antes ele corria à vontade, vivia desbeiçando para o lado que queria. A lagoa que se formava era uma beleza, vivia cheia de peixes. Robalo era demais o ano todo. Tainha tinha de monte no tempo dela. De uns anos para cá, tudo aquilo virou isso que você está vendo. Peixe é pouco; tem tilápia, parati e mais nada. Veja que nem o biguá se esforça para comparecer. Só a areia trazida pelas ondas não se intimida e quer continuar nas suas artes. O artista é o mar; a areia é o material que se molda assim para que tenhamos sempre esse espetáculo em nosso chão ".
Nenhum comentário:
Postar um comentário