Desde que eu era pequeno, era usual na minha casa a expressão: “então coma ovo do diabo do inferno!”. Queria dizer mais ou menos isso: se não quiser o que foi preparado de boa vontade, com o que tinha, então fique com qualquer coisa, se vire. Meus pais diziam que era uma referência a uma fala do Izaltino por ocasião do resguardo da mulher.
Resguardo?
Sim! No “tempo d’antes”, as mulheres, logo após o parto, entravam num período de quarentena, recebiam um tratamento especial, principalmente no aspecto alimentar. “Quebrar o resguardo” poderia trazer sérias consequências, inclusive causar a morte. O nosso personagem (Izaltino), num período assim, se esmerava em zelar pela esposa. Porém, a coitada estava enjoada de comer ovos de galinha. Se aguentou até quando pode, mas chegou o dia em que recusou o saboroso alimento. Esta foi a reação do homem: “Não quer comer ovo da galinha? Então coma ovo do diabo do inferno!”.
A gente ria. Entendia bem a linguagem e, até hoje, ocasionalmente, ainda usamos a expressão.
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