Vista da cidade de Caraguatatuba |
Praia do Canto do Camaroeiro - fotos: Thales Stadler e outros |
O primeiro “cinema de luxo” do Litoral Norte, nomeado de Máximo, passou a funcionar em Caraguatatuba, na década de 1960. Atualmente, após duas décadas desativado, quando passo defronte ao prédio, sinto uma dor no coração devido ao seu lastimável estado.
O Cine Máximo e o Cine Iperoig, este na Praça da Matriz de Ubatuba, se constituiram como espaços culturais e de lazer das gerações de caiçaras.
Do espaço do Cine Máximo, narro o causo seguinte através da fala do finado Aristeu Quintino, caiçara da Ilha do Tamanduá:
“Quando inauguraram o cinema em Caraguá, eu já era quase casado. Logo os comentários chegaram na roça, na Praia da Tabatinga, onde eu passei um tempo morando com o titio Barra Seca. Diziam que era uma coisa maravilhosa, onde o mundo o mundo todo passava na tela de pano da parede. Quem não queria comprovar?!
Numa ocasião, o tio Olívio e o Teófilo Crispim foram até a cidade com a canoa abarrotada de coisas para negociar. Chegaram no Canto do Camaroeiro, puxaram a canoa até meia praia e venderam tudo que tinham levado. Depois, sabendo de uma sessão que começaria às seis da tarde, os dois adiaram o retorno para assistir a fita. Deram sorte. Estava em exibição Fúria de Titãs. De fato, tudo aquilo era maravilhoso! Os assentos eram macios... as imagens eram quase reais! Foi no momento das grandes ondas provocadas por um monstro que o instinto de pescador falou mais alto: o tio Olívio, assustado com a fúria do mar, puxou o outro lembrando que a canoa deles tinha ficado quase no lagamar, que nem era preciso onda tão grande para arrastá-la. Saíram correndo; logo estavam no jundu. A surpresa veio então: tudo era uma calmaria, com uma lua brilhante iluminando tudo. O tempo bravo estava na tela. Fazer o quê? O jeito foi voltar para casa desapontados e com uma certa vergonha”.
É! De fato o cinema era o máximo!