Grande do Bonete (Arquivo JRS) |
Quintal nosso (Arquivo JRS) |
Bonitas imagens estão por todo lado! Geralmente a gente repara mais
quando o Sol domina a paisagem, mas
hoje eu quero recordar de folhas brilhantes, molhadas por chuva, orvalho, serração... Quero lembrar de água, de
crianças pulando de barrancos de rios, de caiçaras mergulhando para tirar
ostras e outras iguarias que o nosso meio ambiente oferece.
Em meus caminhos, a água sempre
foi fartura, exceto quando passei um tempo em Crateús, no Ceará. Foram dias
medonhos, com um grande rio resumido em poças com girinos. O subsolo tinha água
salobra, apenas usada para lavar roupas. Olhando das bocas das cacimbas, bem
longe se enxergava um brilho. Com uma lata de 18 litros com água, três pessoas
tomavam banho. Água potável aos pobres dependia de um sargento do Exército que
controlava um chafariz diante do quartel. De vez em quando ele decidia ficar
ali apenas meio período. Quem se danava era o povo pobre. Naqueles momentos eu me lembrava das fragatas
da Marinha brasileira, recém-chegadas da Inglaterra, pois cada uma delas possuía
um aparelho para dessalinização, mas aquelas comunidades paupérrimas nem
sonhavam com tal recurso. Água é vida!
Muito
ainda continuam afirmando que, após a pandemia, as coisas serão diferentes,
com pessoas mais solidárias, querendo mais justiça, sendo menos gananciosas
etc. Mas...expressivo mesmo, nessa direção, vejo apenas as distribuições do
movimento dos trabalhadores sem-terra (MST). Porém, tenho passado dias ruins, assistindo as investidas daqueles que cobiçam terra somente para especulação
imobiliária ou monocultura à base de venenos. Agora estou em comunhão com os
assentados do acampamento Quilombo Campo Grande, no sul de Minas Gerais. 450
famílias estão sob pressão e opressão das forças policiais do Estado, das forças do ódio que se apossaram do governo
do Brasil. Quem sustenta tudo isso? Os trabalhadores! Quantos vivem maravilhosamente
bem às custas de quem trabalha? Um por cento! Quem paga os altíssimos salários
desses que controlam a situação, desses algozes? Nós que trabalhamos!
Novamente me vêm imagens de
tranquilidade, de folhas molhadas, de águas brotando e correndo límpidas. Neste momento, remexendo na memória, tenho a imagem do saudoso caiçara
Dito Coimbra, morando sozinho no lugar do Perequê-mirim chamado de Sertãozinho, onde mora hoje a minha colega Kátia.
Na porta da cozinha dele, um água permanente sustentava uma plantação de agrião, couve, alface, tomate... A cada dia ele
juntava alguns produtos na cesta de taquara e saía para negociar com os demais moradores do lugar. Quando passávamos
por ali, ele sempre nos oferecia algo para comer e nos abençoava na despedida.
Éramos nós vivendo naquele espaço.
Mais
tarde vi que, fora dali, era tempo de dureza... Tempo de opressão...
Gostaria
de dizer que isso era nós, mas não consigo. Isso continua sendo nós!
Como sou felizarda por tudo isso meu amado amigo ... espero poder compartilhar de tanta sabedoria por muitos anos... seus filhos , sua esposa são privilegiados pela companhia agradável um do outro.
ResponderExcluirGratidao
Agradeço de coração. Muitas paz e saúde a você.
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