Bem-vinda, Débora! Não tem como deixar de reparar de que até a natureza clama por liberdade. Ai daqueles que não dão atenção aos apelos dela.
A poesia é do amigo Jorge Ivam Ferreira.
Rios
Um rio é como uma pessoa:
Costuma se espreguiçar.
Só aguarda a estação boa
Para estender-se, alongar-se.
Quando ele se espreguiça,
Às vezes, fá-lo com jeito
(Façamos-lhe essa justiça.);
Para fora do seu leito,
Às vezes, põe braço e perna.
E, nesse exato momento,
Em que ele tudo baderna,
Sem ter esse mau intento,
Tende a ser muito hostil
Com quem o ameaça ou o oprime,
De ano a ano, de abril a abril,
Jogando contra seu time.
Disso sabe toda gente,
Mas uns querem acreditar
Que essa criatura fluente
Nunca, jamais, vai acordar,
Retiram-lhe o travesseiro,
Comprimem o seu colchão,
Apertam-no por inteiro,
Mudam-no de direção.
Mas um dia, é bom lembrar,
O rio recobra seu espaço,
E o faz sem se importar
Com quem jaz no seu regaço.
JIF - 8/1/10
(Inspirado nas enchentes de São Luís do Paraitinga)
Nenhum comentário:
Postar um comentário