sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

RIOS


               

                Bem-vinda, Débora! Não tem como deixar de reparar de que até a natureza clama por liberdade. Ai daqueles que não dão atenção aos apelos dela. 
              A poesia é do amigo Jorge Ivam Ferreira.

                Rios

Um rio é como uma pessoa:
Costuma se espreguiçar.
Só aguarda a estação boa
Para estender-se, alongar-se.

Quando ele se espreguiça,
Às vezes, fá-lo com jeito
(Façamos-lhe essa justiça.);
Para fora do seu  leito,

Às vezes, põe braço e perna.
E, nesse exato momento,
Em que ele tudo baderna,
Sem ter esse mau intento,  

Tende a ser muito hostil
Com quem o ameaça ou o oprime,
De ano a ano, de abril a abril,
Jogando contra seu time.

Disso sabe toda gente,
Mas uns querem acreditar
Que essa criatura fluente 
Nunca, jamais, vai acordar,

Retiram-lhe o travesseiro,
Comprimem o seu colchão,
Apertam-no por inteiro,
Mudam-no de direção. 

Mas um dia, é bom lembrar,
O rio recobra seu espaço,
E o faz sem se importar
Com quem jaz no seu regaço.

                       JIF  -  8/1/10

 (Inspirado nas enchentes de São Luís do Paraitinga) 


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