quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A BASE DAS TRAGÉDIAS

Que tal aspirar um aroma fantástico na  Barra do Acarau?


                Não consigo omitir a responsabilidade dos poderes constituídos na quase totalidade das tragédias. Podemos começar do nosso quintal (Ubatuba) e avançar pelos rincões afora.
                Como assim? Explico, lógico que explico!
                Até 1980 lembro-me muito bem da seriedade em muitas coisas. Só para pegar um primeiro exemplo, estando concluindo a obra da nossa casa, “uma planta popular”, no bairro da Estufa II, após fazermos a fossa, disse ao meu pai que a tampa de concreto estava devidamente seca e já poderia ser colocada no lugar permanente dela. Ele respondeu que ainda não; era preciso esperar  alguém  da prefeitura, o responsável pela fiscalização de fossas. Não demorou muito para aparecer o finado João Bordini a olhar tudo, fazer algumas perguntas e liberar a conclusão: “Pode chumbar a tampa”.
                Pouco tempo depois, novamente sobre um começo de valetas para um alicerce, lá veio um homem segurando uma maleta preta. Era o João Batista, da Pedra Branca, na Praia da  Enseada. Como fiscal de obras da prefeitura foi logo perguntando a respeito da placa do engenheiro responsável pelo projeto. Ao lhe dizer que ela estava ainda no barraco, junto das ferramentas e cimento, foi incisivo na colocação imediata num local bem visível. E esperou que eu pregasse, na parede do barraco, a identificação deixada pela engenheira Patrícia Patural.
                Agora, ao passar por obras descaradamente sendo feitas sem nenhuma identificação, posso deduzir que os administradores e legisladores contemporâneos nem imaginam que existiu a função do saudoso João Bordini. Assim, esgotos seguem diretos aos córregos e rios, sujam as nossas praias, com a Cetesb e a Sabesp fazendo “vista grossa” aos abusos contra o nosso meio ambiente, produzindo propagandas de coisas bem distantes, de Onda Limpa, etc; Casas surgem em qualquer lugar, sem respeitar nenhum solo ou regras de civilidade. A propósito: você sabe que as várias dezenas de casas localizadas acima da captação de água, no “Pé-da-Serra”, não têm rede de esgoto nem em sonho?
 Depois... após acontecer as tragédias... aqui e por tantos outros lugares... ninguém mostra os verdadeiros culpados, aqueles que se omitem em seus deveres porque está “ganhando um agrado” ou já está de olho nas próximas eleições. Ou ainda: está devendo “ um favor” pelo cargo devidamente mantido pelo suor dos trabalhadores. Entendi melhor isso depois que encontrei um ex-fiscal sanitário sendo proprietário de uma quadra inteira num loteamento periférico. Era um “honrado cidadão” que, a cada “vistoria rigorosa”, deixava os estabelecimentos carregado de “presentes” (peças inteiras de presunto e queijo, pacotes de cigarros, bebidas finas etc.). Será que isso ainda continua assim?
As tragédias continuarão acontecendo. Depois não me digam que “precisamos de luz forte e não de simples vaga-lume”, de muitas e árduas investigações para podermos enxergar os responsáveis dessas tragédias! O pior: é nosso dinheiro que está patrocinando eles!

Um comentário:

  1. Parabéns pelo texto, sobre um assunto tão urgente!!! Abs. de uma paulistana de nascimento, mas caiçara de coração...

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