sábado, 23 de fevereiro de 2013

OS MARQUES DO VALLE

Dona Vanilda observa a dona Alcina colhendo uns temperos para o pirão. (Arquivo JRS).


                Olá, ANE!   Olá, RUJOSÉ!   Olá, ZIZA CENAMO! Sejam bem-vindos!

                 Ao ver a Ane como seguidora do blog, logo  me assaltaram as lembranças do casal Alexandre e Ruth, de um tempo bom no bairro da Estufa, quando ainda existia muito mato e as pessoas se conheciam. Naquele tempo, começo da década de 1980, a nossa praia era o trecho do Itaguá, entre a Barra da Lagoa e o rancho dos pescadores. Era onde jogávamos bola, namorávamos e começávamos boas amizades.
                Na capelinha de São Benedito, fundada pelo velho Mariano, aconteciam os momentos de devoção e de humildes festas.  A creche Francisquinho ainda estava por nascer, sob o espírito empreendedor e de caridade do finado frei Pio. Um grupo de pessoas, dentre elas a dona Ruth e seu filho Alexandre “Gugu”, Luiz Albado, Manoel Tude e tantos outros fundaram a S.A.B.E (Sociedade Amigos do Bairro da Estufa), sempre visando buscar o melhor para o nosso lugar. Era esse pessoal que, na verdade, estava em todos os eventos e em todas as reuniões. Depois foram chegando outros: tio Genésio, dona Nilda, dona Maria Albado e Carminha, tia Tereza e Nini...
                Voltando ao princípio, os Marques do Valle, da família do músico Alexandre, de quem a Ane descende, se destacou na arte com madeira. Diz a história que Antônio, o primeiro deles, no começo do século passado, foi o carpinteiro da Igreja Matriz (Exaltação da Santa Cruz), cuja restauração, assumida no ano de 1981 por frei Angélico, se realizou por outro Marques do Valle, o Antônio Filho.
                O grande carpinteiro Toninho Marques, o companheiro primeiro da Vanilda Ballio, refez o trabalho de seu pai com a mesma maestria, causando-nos orgulho pela perfeição de seus acabamentos em madeira. Adentrando o espaço da referido templo qualquer um pode admirar, sobretudo a beleza do forro e seus preservados detalhes. Assim como também deve apreciar, nas luminárias, a arte do serralheiro Guadix, e, no altar, a mesa-barco do mestre Jacó Meira.
                Tenho saudades dessas pessoas, mas me fortaleço pensando em suas intervenções pelo bem da comunidade. De uma forma ou de outra as suas obras continuam. Foram eles e tantos outros que me mostraram, em atos concretos, que para uma cidade funcionar da melhor maneira possível não deve haver subornos e favores politiqueiros.
                Hoje, ao saber que alguns desses Marques do Valle têm seus nomes em ruas no nosso município, procure conhecer mais do nosso  passado, das pessoas que transformaram este  chão ubatubano.
                Ah! Aqueles olhos lindos da dona Ruth! Eram, ao mesmo tempo, inquiridores e consoladores. 

Um comentário:

  1. Pois é, Ronaldo, eu tive o privilégio de compartilhar com você o bom dia do José Guadix, chamar o Toninho de pai,comer o maravilhoso azul marinho que a Vanilda preparava com o peixe fresquinho que vinha do mercadão. Bem, também levei uns belos tapas na face não pelo frei Angelico, mas pelo frei Tarcisio por cantar desafinada na missa das 18 hs, lembra disso?

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