No
dia oito de janeiro deste ano, no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo, saiu
estampada a seguinte notícia: Caiçaras ‘ganham’ ilha no litoral paulista.
Trata-se da ilha Montão de Trigo, pertencente ao município de São Sebastião,
defronte à praia da Barra do Una, quase na divisa com Bertioga. Quem fez
questão de guardar a página do periódico foi o estimado professor Emerson. Ele sabe do meu interesse por boas notícias
ao meu povo. Só tenho a agradecer pela sensibilidade do amigo.
A
ilha Montão de Trigo, onde nasceu a saudosa dona Margarida, moradora antiga da
Praia Dura, é “uma comunidade de quatorze famílias caiçaras, todas de pescadores, originadas há mais de três séculos e que vive
sem energia elétrica, vai se tornar dona, na prática, de uma ilha na rica costa
sul de São Sebastião”. São cinquenta e duas pessoas que dependem da pesca e do
turismo. As comunidades caiçaras se alegram com isso. Como eu gostaria que a dona Margarida estivesse viva para poder
escutar mais coisas da sua querida ilha!
“O
documento, que deve ser expedido até fevereiro, vai impedir que a ilha seja
alvo de grilagem ou especulação imobiliária de alto padrão. O domínio
permanecerá da União, mas na prática isso impede que outros interessados venham
requere inscrições de ocupação sobre a área, ameaçando a ocupação das
comunidades tradicionais”. Quem garante é a SPU (Secretária de Patrimônio da
União).
“Desde
2010, o governo vem acelerando a concessão do TAUS (Termo de Autorização de Uso
Sustentável) a grupos tradicionais, mas é a primeira vez que isso beneficia
ilhéus”.
Essa
conquista deve muito à iniciativa do Instituto Guapuruvu, com o processo que se
solidificou há cerca de três anos. “A medida abre caminho para que o mesmo seja
feito em ilhas como a de Búzios (142 habitantes) e Vitória (50 habitantes), no
arquipélago da Ilhabela”. Nestas ilhas estão os caiçaras mais intocados, sem
migrantes atraídos pela construção civil. Vários dos meus parentes viveram por lá. Boas lembranças da ilha da Vitória tinha o Eugênio Inocêncio.
Já
passa da hora de dar atenção aos caiçaras-ilhéus!
A
dona Margarida era fantástica nas
histórias de assombração da ilha Montão de Trigo. Me lembro de uma onde os
pescadores, por muito tempo, deixaram de pescar depois do serão. “Um tremor
batia neles, meu filho! Ninguém, por precisão que fosse, baixava canoa depois
de escurecer. Um vento escuro, mas parecendo ter ardentia no bojo, vinha pelas
pedras da Cajaíba. Não tinha corajoso para desafiar o mar encrespado. Isso só
passou depois do padre Ramiro fazer uma reza e benzer as imediações. Foi nesse
tempo que eu me mudei, vim para cá [Praia Dura] a convite da Isabel, a minha comadre”.
Parabéns
às pessoas que lutaram e/ou foram solidárias
nessa conquista!
Viva
o meu povo da ilha Montão de Trigo!
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