quarta-feira, 11 de abril de 2012

PROCURANDO “JESUS” (I)



                Até a semana passada eu tinha a seguinte questão: Onde será que mora “Jesus”, aquele da Semana Santa? Explico melhor: eu sabia que um dos Suré, do Taquaral,  sempre representava Jesus na encenação da Via Sacra. Porém, nunca o encontrei perambulando por aí. Poderia ser coincidência, mas também haveria outras possibilidades, tais como o fato de morarmos em bairros distantes, em pontos bem distintos.
                Aconteceu! Neste último domingo, na Páscoa, encontrei “Jesus”! Ou melhor, eu fui ao encontro dele, no lugar onde tem moradia fixa. O lugar é maravilhoso, bem preservado. Eu o chamaria de Paraíso dos palmitos. A cachoeira, os pássaros e grandes árvores completam a paz naquele espaço. Como eu gostaria que mais gente conhecesse o lugar do Toninho “Jesus” Suré!
                Quando eu desejo que mais pessoas conheçam o “Paraíso dos palmitos”, eu quero dizer muito mais coisas. Por exemplo: escutar a história de perseguição e resistência desse caiçara, seus infortúnios nesses anos todos; reconhecer que não é nada fácil manter um espaço da natureza preservado, disposto à acolhida. Há uma situação até curiosa: numa ocasião, escutando alguém derrubando palmeiras na área, o Toninho correu. Chegando ao local, não longe da cachoeira, quem estava na devassa? Um índio! O danado deixou o carro na estrada mais próxima e se embrenhou por ali como se estivesse na própria casa. O que fez o Toninho? Amarrou o infrator numa árvore e chamou a polícia florestal para levá-lo. Depois, segundo ele, não sabe o que aconteceu. Conforme já expressou o amigo Júlio, “será que não está na hora de ensinar os índios a plantarem pés de palmitos?”.
                É conhecendo o lugar e as histórias que poderemos ajudar na preservação daquele lugar. Quero lutar para que todas as pessoas, que agem como o Toninho “Jesus”, recebam ao menos um salário e possam se devotar ainda mais ao que já fizeram até hoje. Creio também que o município só tem a ganhar enquanto tiver espaços com tamanha qualidade para oferecer aos turistas que buscam qualidade de vida. Então, o que estão esperando para agir?
                São os nativos da terra, no modelo de “Jesus”, cidadãos da natureza,  que poderão ainda fazer muito por um turismo de qualidade e pela preservação da nossa riqueza natural.

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