(Arquivo Kilza Setti- 1978) |
Antigamente, nesta época do ano, quando a religiosidade popular era fortíssima e não havia outras religiões concorrendo com a católica, era um tempo especial no calendário litúrgico: todos aguardavam a festa de Pentecostes, da manifestação do Espírito Santo (ou espírito divino). Coincidia com o tempo das tainhas, de uma fartura que encantava os pescadores.
A Folia do Divino corria de Norte a Sul, não esquecendo de nenhum sertão. Os violeiros, rabequistas, tocadores de tambor, versistas e outros eram fundamentais nas cantorias pelas casas e capelas. Tudo confluía para a grande festa que deveria se promovida pelo festeiro na Igreja Matriz, no centro da cidade.
O símbolo, além do rufar do tambor que se escutava ao longe, era a Bandeira. Nela as pessoas prendiam imagens, promessas e outras coisas. As fitas eram beijadas tanto como a pombinha que representava o Espírito de Deus (enviado a Terra após a ida de Jesus para junto do Pai). Depois do cumprimento do ritual completo, antes de entrar na parte profana (xiba, ciranda e outras danças), a Bandeira era guardada num cômodo especial. Ela não podia presenciar a diversão dos caiçaras.
Pedro Brandão, Santinho, Zacarias, Maneco Armiro, Orlando, Otávio, Sebastiana e tantos outros ficaram em nossas memórias, deram as suas contribuições nas devoções e nas diversões.
E os versistas, então? O Macuco, do Perequê-açu, ainda hoje é um dos mais lembrados. É dele que contam o seguinte: numa ocasião, ao chegar na casa de um devoto, deveria incluir o agradecimento ao Divino pela recuperação de um dos filhos. O acidente foi feio: caiu de uma árvore e se estrepou por baixo, rente à coxa e virilha. Horrível, né? Curou-se por milagre. Deste modo saiu o verso correspondente:
“Cumprindo vossa promessa,
Conforme vós prometestes:
Com um palmo de pau por baixo,
Não sei como não morrestes”.
Pronto! A promessa foi paga ao Divino!
Coisa impressionante é a fé dos mais humildes!
Pronto! A promessa foi paga ao Divino!
Coisa impressionante é a fé dos mais humildes!
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