quinta-feira, 26 de abril de 2012

INSATISFAÇÃO MORAL (I)

Tudo é interdependente: não importa que sejam minúsculos cogumelos ou frondosas árvores.                                                                                                                   (Arquivo Henrique) 

                Não muito antigamente se dizia que “sete é conta de mentiroso”. Partindo deste dizer e inspirado em reminiscências eu escrevi um outro texto denominado Éramos sete, cuja intenção foi acrescentar a minha contribuição aos outros protestos contra o ato da prefeitura, há alguns anos  - mas do atual gestor (Eduardo César) – quando foram arrancados os pés de cravos-da-Índia da rua da Cascata, no bairro do Ipiranguinha, defronte à nova escola municipal Mário Covas. No lugar das plantas de mais de quarenta anos, fizeram uma moderna calçada, com guias para estacionamento.
                Com tal descabido ato, foi instaurada uma incoerência medonha, conforme o desabafo de um pai de aluno desse bairro tão populoso: “Como ensinar a importância da preservação e da recuperação ambiental em uma escola que começa com esse histórico?”.
                A verdade é que, naquele dia, foram arrancadas mais de sete árvores que estavam ali há décadas, desde quando o empreendedor Moravek apostou numa fábrica de doces no terreno. Essa tal verdade ainda está para completar. Ainda bem!!!
               Alguns dias depois, debaixo de uma garoa fria, encontrei um operário debruçado sobre a linda calçada com marreta e talhadeira. O que me disse foi aproximadamente isto: “Não entendo esse pessoal que manda fazer e desfazer! Só sei que tenho de fazer esses buracos hoje, pois na segunda-feira a prefeitura vem plantar outras árvores aqui. Espero que a chuva não me atrapalhe”.
                Muito bem! Só que a intenção do texto não é redimir a prefeitura dos descasos, da falta de bom senso. O que eu pretendo é ressaltar o poder mobilizador em tempo que, dizem muitos: “Isso é bobagem, coisa de quem não tem o que fazer”. Foram as denúncias, as fotos publicadas no jornal  A Semana e os comentários que se multiplicaram que forçou a reação da administração pública. Porém, tenho a certeza que nunca mais teremos a belas sombras e as cheirosas folhas das árvores descendentes daquelas trazidas das distantes terras das Índias pelos navegadores portugueses.

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