Sílvia, a jovem francesa em terras do Ubatumirim. |
Ontem, dia 27 de abril, aos 90 anos, a dona Sílvia
Polacco Patural nos deixou após ter vivido um belo exemplo de cidadania. Quem
não a conheceu, recomendo que leia o que eu pude registrar dessa mulher
lutadora e corajosa (coisasdecaicara.blogspot.com – postagem em junho/2011).
“No ano de 1954, nós partimos à procura de um
lugar que, além de agradável, fosse capaz de oferecer as condições propícias de
cultivo e de instalações. Meu marido era um empreendedor. O lado sul do
município logo ficou fora de cogitação. Motivo: a abertura da rodovia
Ubatuba-Caraguatatuba estava sendo concluída, fazendo com que os preços das
terras daquele lado encarecessem muito. Então nos falaram do lado norte, das
vastas áreas e de outras vantagens.
Num final de semana, após deixarmos
a Patrícia com alguém de muita confiança em Taubaté, começamos a nossa aventura
para o lado norte do município. Por volta do meio-dia deixamos a cidade,
seguindo sempre a pé. Passamos o
Perequê-açu, o Saco da Mãe Maria, a praia Vermelha com suas areias grossas, a
praia do Alto - que até hoje é muito bonita -, a praia de Itamambuca. Imagine
tudo isso a pé e com muito calor! Depois chegamos ao morrão da praia do Félix
e, finalmente, paramos ao escurecer, na praia do Léo - aquela que, desde 1991,
devido a um desabamento da estrada após forte chuva, está soterrada numa boa
parte, se transformou em duas.
Na praia do Léo batemos palmas numa
casa e perguntamos se havia ali por perto alguma pousada ou coisa do gênero.
Imagine só!!! Isso era comum na Europa. Disseram que não. O que puderam nos
oferecer foi um pouso, numa cama simples com esteira de taboa. Foram muito
gentis conosco. No dia seguinte, já
sabendo dos nossos motivos, disseram que para os lados do Ubatumirim e do
Puruba é que tinha boas terras. E era mesmo! Pura verdade!
No rio Puruba nós paramos e
esperamos um bom tempo até que o balseiro aparecesse. Parece que ele estava
almoçando, depois deve ter dormido um pouquinho. Nem me lembro mais direito
deste detalhe. Só sei que ele apareceu e, assim alcançamos a praia da Justa.
Finalmente, depois de um pequeno morro, estávamos no Ubatumirim.
De fato as terras do Ubatumirim,
sobretudo as da Sesmaria, nos agradaram muito. Aí fomos acolhidos na casa da
família do Manoel Leopoldo. Para a dormida nos dispuseram uma sala com esteiras
e penico, onde havia um montão de sapê secando. Era um calorão de janeiro;
baratas passeavam por todos os lados. Ao abrirmos a porta para a entrada de
frescor, também entraram os cachorros. Mesmo assim, nós, de tão cansados,
desmaiamos.
No dia seguinte fomos conhecer a
Sesmaria, dos Nunes Pereira. Gostamos muito. Ainda bem que a volta para a
cidade foi de canoa”.
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