domingo, 8 de abril de 2012

O MESTRE "BIGODE"




                Antonio de Souza, o “Bigode”, o nosso maior escultor caiçara, está aparentemente esquecido, deixado de lado pelas sucessivas administrações e até mesmo pelos caiçaras. Nem parece que, desde a década de 1970, suas inigualáveis peças estão por diversas partes do Brasil e do mundo. Caso você não encontre nenhuma delas pela cidade, dê um pulo até a vizinha Taubaté e visite o Museu de Arte Sacra.

                Os traços do “Bigode” são inconfundíveis. Parece que foi ontem a minha surpresa em 1986, na Maison Saint Paul, em Paris, ao vislumbrar no salão da conferência, num pedestal devidamente identificado, uma escultura de pescador. Adivinha de quem? Isso mesmo! Achei incrível; me emocionei! Contei aos amigos mais próximos o pouco que sabia deste caiçara-escultor, natural do Ubatumirim. A coordenação dos trabalhos cedeu um espaço que durou mais de uma hora para que eu falasse a todos do autor, de suas obras, da cultura caiçara e da nossa Ubatuba.

                Nesta semana, ao receber uma imagem de um pilão esculpido pelo nosso personagem, hoje desconhecido por muitos, resolvi passar pela sua humilde moradia, mas não tive coragem de perturbá-lo. Senti uma tristeza pela forma que é tratado uma pessoa que elevou a cidade a outros níveis, nos representou em tantas corridas de São Silvestre e se perpetua nas muitas obras espalhadas pelos diversos cantos da Terra.

2 comentários:

  1. Grande Mestre escultor da nossa querida Ubatuba, compadre do meu pai, ao seu ultimo filho lhe deu o nome de Francisco em forma de homenagem ao meu querido e saudoso pai Francisco Paulino. Foram parceiros de tantas e tantas corridas Brasil a fora, Lhe chamava carinhosamente de chico Paulino. Tive o privilegio de frequentar sua oficina no Pereque-Açu dos meus 4, anos ate meus 12, 13 anos mais ou menos. Ficava eu fazendo a liça que ele mi deixava e aprendendo com os filhos, Laura, Bigodinho o cabo e o sargento. Enquanto eles saiam para fazer um "Fartleque" , ou seja, fazer um treino de corrida como diziam. Iam pela Cazanga, itamanmbuca, centro e depois finalizavam na praia do Pereque. Pela diferença de idade que tinha uns 13 anos, meu pai sempre o elogiava pela vitalidade, nas prova eram sempre os dois dando trabalho na ponta, isso quando não dava dobradinha 1º e 2º. Meu parabéns Zé Ronaldo por rebuscar nossas memorias. Tempos atrás fiz pesquisa e não encontrei quase nada sobre nosso Mestre Bigode, acho um tremendo descaso essa falta de visibilidade de um artista auto de data como ele. Como vc disse suas obras estão mundo afora, e aqui poucos o conhecem nos dia de hj. Tive o privilegio de acompanhar varias obras dele, como A Virgem Maria, um São Francisco, Santo Expedito, remos canoas e por ai afora, antes dos rumos se tornarem outros infelizmente, ele estava mi incentivado a fazer os primeiros traços em algumas obras mais demoradas, guardo isso muito vivo em minha memoria... Parabéns meu caro Zé Ronaldo

    ResponderExcluir