domingo, 30 de julho de 2023

QUEM ME CONTOU FOI... (VII)

 

Olhar - Arte: Raul Di Vicencio (Delfim Moreira - MG)

        Quem nos conta a história de hoje é a Beatriz, uma migrante que há décadas vive em Ubatuba, faz parte daquelas pessoas que deixaram suas terras injustas (de latifundiários, desemprego, violência etc.) em busca de um melhor lugar para poder viver. Distante ficou parte da família dela. Mas...o que é família senão pessoas unidas por sentimentos e ideais esperançosos num mundo de justiça? Com a palavra a Beatriz:

 

      A história seguinte aconteceu comigo, quando eu morava numa cidade do interior, divisa com o Mato Grosso do Sul. Era um ano igual aos outros, eu já estava casada. O meu marido trabalhava em outra cidade, então eu morava com os meus pais. Numa certa noite aconteceu uma coisa intrigante, quando eu dormia com a minha filha: eu acordei e vi uma pessoa em pé na porta do quarto. Fiquei nervosa e com medo, mas depois tentei descobrir quem era aquela pessoa que estava lá parado, nos olhando enquanto dormíamos. O dia amanheceu e eu contei para a minha mãe o que tinha acontecido. Ela me perguntou como era essa pessoa. Eu falei que era um homem alto, com uma capa cinza e que usava chapéu. Então ela pediu que eu rezasse antes de dormir. À noite, naquela mesma hora da noite anterior, a cena se repetiu:  aquele homem estava novamente no mesmo lugar, olhando para nós dormindo. Parecia que ele queria me falar alguma coisa, mas não consegui entendê-lo.

     Os anos se passaram, eu vim morar em Ubatuba. Agora consigo entender o que tinha acontecido comigo naquela ocasião distante. Quem me ajudou nisto foi o Centro Espírita, onde me explicaram que aquele homem que me apareceu era o meu avô que havia falecido quando eu ainda era criança, que não tinha conseguido falar com ele porque não tenho o dom da mediunidade. Termino aqui a contação da minha experiência. Como eu gostaria de saber o que ele queria falar comigo!

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