sábado, 22 de julho de 2023

A RESISTÊNCIA GARANTE A FESTA

 


   

2001 - Organização caiçara para defender o território (Foto: Martha Martins)


       Na minha breve existência já pude testemunhar a importância de resistir, de ser solidário, de marcar território enquanto comunidade caiçara. Muitas derrotas aconteceram porque pessoas resistiram isoladamente ou porque se aliaram a interesses mesquinhos (de religiões e/ou empresários especuladores de terras). Ainda criança vi meu pai e outros se deslocando para Caraguatatuba a fim de auxiliar na tragédia, na tromba d’água que afetou os moradores de lá. Na década de 1970, ousados caiçaras se reuniam às escondidas para se oporem à ditadura militar. Na década de 1980, as ameaças do Porto Flamengo e da Avibras levou à criação de uma organização mais ampla. A resistência dos trindadeiros, do pessoal do Rio Escuro e da Caçandoca  nos fez aprofundar no desejo-capacidade “de eliminar a nuvem histórica que impede a visão transparente das transformações no espaço habitado dos países pobres”. E quantas movimentação houve de lá para cá?! Assim... é com grande alegria que vemos as conquistas da Comunidade da Almada. O meu desejo é que continuemos cultivando a consciência de que manter o nosso território é o último recurso para a sobrevivência da nossa cultura, da nossa dignidade caiçara. Gratidão ao Santiago por repassar o seguinte texto.

 

No dia 20 de julho, quinta-feira, durante a realização do 28º Festival do Camarão da Almada, a Comunidade Caiçara da praia da Almada recebeu o TAUS-Termo de Autorização de Uso Sustentável. O TAUS é um documento da Secretaria de Patrimônio da União-SPU, que garante a gestão e uso de áreas da União pelas comunidades tradicionais.

É uma conquista de uma luta de vários anos, mas que nunca a comunidade desistiu de seus direitos territoriais. As duas áreas contempladas pelo TAUS são o Espaço Cultural da comunidade e a área do estacionamento onde é feito sempre o Festival do Camarão.

O FCT (Fórum das Comunidades Tradicionais) esteve presente nessa luta junto com o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina-OTSS. Especialmente através do projeto Povos, que é uma cartografia social realizada com as comunidades tradicionais de Angra, Paraty e Ubatuba e com apoio jurídico e articulação política.

Que essa vitória do povo caiçara seja exemplo e incentivo para que as comunidades tradicionais caiçaras sigam se fortalecendo e se unindo para enfrentar os conflitos territoriais e a especulação imobiliária que assola a região. E que cada vez mais através da luta unida o povo tradicional possa ter seus direitos garantidos.


2 comentários:

  1. É isso mesmo! Tomara que muito mais gente tome consciência disso!

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  2. Isso vai crescendo, Jorge. Na próxima semana a Barra Seca começa o meu processo.

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