Arte: Estevan |
Certa vez, eu lembro bem, as aulas terminaram mais cedo, por volta das
11:30 horas. Fiquei trêmulo porque eu sabia que teria de passar pelo Caminho do
Cego às 12:00 horas. Minha mãe contava umas histórias desagradáveis desse lugar
sombrio e silencioso, onde se tinha a impressão que alguma coisa observava a
gente quando se transitava por ali. Por isso peguei o material escolar meio sem
pressa.
O caminho parecia interminável. Eu, já azul de fome, apressei o passo e comecei
a subir o morro da Praia Vermelha. Sabia que em pouco tempo estaria em casa.
Passei a primeira curva, ouvi um barulho que vinha do meio do mato, parei para
observar. “Nossa, que lindo! Dois cavalos
brancos? Será que fugiram de alguém?”. Eles eram brancos na primeira vez
que vi, olhos fixos não deixando tomar atenção em mais detalhes. Aos poucos
deixei me levar pela visão e me distraí. Quando tornei a olhar, vi que os dois
tinham asas. “Que legal!”. O que
estariam fazendo ali? Segui em frente, logo parei para dar uma última olhada. “Êpa! Cadê eles?”. Fiquei arrepiado dos
pés à cabeça, comecei a correr até a minha casa. Lá chegando, a minha mãe
perguntou:
- O que aconteceu meu filho?
- Espera eu tomar fôlego que eu falo. Eu vi
dois cavalos brancos de asas no Caminho do Cego, mãe.
- Que nada, filho! É coisa da sua cabeça,
isso passa.
Atualmente, depois de tanto tempo, quando
passo por lá acabo me lembrando desse acontecido. Até hoje ainda aquele lugar
me assusta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário