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Arte nos pontos. Tiano, o cabeludo. (Imagem da internet selecionada pelo amigo Carlos) |
Agora: tempo de pandemia, tempo
de ficar em casa. Não precisaria demorar tanto tempo isolado se as recomendações
dos pesquisadores, dos cientistas, fossem levadas a sério. Mas o que fazer se um jumento puxa a carroça com roda quebrada?
Neste tempo, apenas uma vez por
semana, nós deixamos a nossa casa para comprar algumas coisas. O trabalho em
casa nunca acaba, mas sempre arranjo um intervalo para escutar um fandango
dessa caiçarada maravilhosa. Também
aprecio umas composições do Ostinho, uns poemas do mano Mingo etc. Além de
estar atento às plantas, também não perco a atenção às coisas de arteiros que
vivem no apelo, espalhadas por prateleiras e caixas. Vou me virando nessa
bagunça organizada. Adoro as nossas saídas para ver gente, o mar e me inspirar.
Dias desses, passando por um bairro vizinho, avistei o Tiano e seu parceiro em
mais uma pintura de ponto de ônibus. Não tem como não admirar seus traços, suas
imagens coloridas... Coisas da gente! Olhando o Tiano, parei. Passou o tempo!
Aquele menino da Odete cresceu, se devotou à arte... Continua crescendo. Valeu
por suas obras a encher nossas vistas e nossos corações, menino grande caiçara!
No mesmo dia encontrei, no
centro da cidade, o Dito. (Para quem não sabe, ele é um grande dançador
caiçara, do sertão do Ubatumirim). Eu, próximo, mas á sombra da loja, porque o Sol estava ardido, reparei
quando ele parou junto à parede branca da Casa Paroquial, naquele sol que Deus
deu. Era o aparelho, o celular no bolso avisando que tinha uma mensagem. E ali
ficou parado o nosso Dito, com atenção na telinha. Pergunto sempre: quem consegue, debaixo de
tamanha luminosidade, ver alguma coisa na tela de um celular? Fiquei só olhando
as manobras que ele fazia no intuito de ler a mensagem. Passou o tempo. O
estimado Dito, do tronco do saudoso Antônio Clemente, do Sertão do Pasto Grande, ali continuou por mais de dez
minutos. Virava de um lado, virava de outro; tentava fazer sombra no celular
com as mãos, mas tudo inútil naquele clarão, com reflexos de todo lado. Quanto
tempo a mais ficaria ele ali, naquelas manobras, caso não passasse naquele
momento o compadre Rolim, com a sugestão salvadora? “Parece que não pensais, Dito. Por que não atravessais a rua para
ficar na sombra da Igreja? Lá se consegue ver bem o que tem aí nessa coisa. Sai
debaixo do Sol, Dito, senão é só miolo derretido e olhos escorrendo, sem
resolver nada. E se apresse para não perder a condução”. Eu, só observando
enquanto a esposa escolhia uns produtos, ri sozinho. Rolim, Dito, Laureana...
Tanta gente boa! A propósito, termino este com uma mensagem da Mestra Laureana,
direto do Morro da Esperança, no Prumirim: “Estamos
separados dos outros por causa dessa doença que está ai, mas ela vai passar”.
O Dito faz gaiola sem ponteiro... kkk deve tá com alguma gambiarra apintando no celular, ou é a cobrança da claro. Kkk sai do sol Dito!
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