A filha do Totonho do Rio Abaixo,
aquela que tem borboleta tatuada nas
costas, me avistou com máscara e deu uma
risadinha, como se desprezasse tal medida perante a pandemia do momento. Em
seguida apareceu o seu pai: “Que é isso,
Zé? Tá com medo? Eu não preciso disso porque tenho fé em Deus!”. Eu já
informei em outra ocasião que esse indivíduo é do tipo, classificado, segundo o
presidente, “terrivelmente evangélico”? Pois
é! Por isso que, assim que ele fechou a boca com um sorriso besta, eu
questionei: “Ah é, Totonho!?! Então
porque você fez campanha para esse bandido, dizendo que o motivo do seu voto e
da sua família era pelo fato de ele prometer armas para todos, para a proteção da
família? E fica aí, uns dois metros de distância, se quiser falar comigo”.
Totonho deu uma parada, como se
estivesse pensando. Enviesou os olhos, se apoiou na outra perna e falou: “O que uma coisa tem a ver com a outra?”. Ai eu esculachei: “Você é sem-noção mesmo! Escuta, seu cabeça-gorda: para evitar o
contágio do vírus, a fé em Deus basta, mas para proteger a família precisa de
arma? Então, que Deus é esse? E tem mais uma coisa, Totonho: foram escolhas
burras e cruéis, incluindo a sua, que estão agora castigando mais os pobres. O Brasil está despencando
para o fundo do poço por culpa sua e de tantos outros semelhantes, de
raciocínio muito raso. A legislação que protegia os mais fragilizados do Estado
brasileiro, as leis que garantiam certa proteção aos trabalhadores estão sendo
derrubadas. Sabe o que está voltando? As condições de escravidão. Só que agora
legalizadas. Assim está bom para
você? É burrice e maldade que estão juntas neste quadro horrível. O que vai ser dos nossos filhos e netos? Isto você é capaz de entender?”. E por
fim, já virando as costas, concluí: “O
jumento que ainda inspira a boiada desdenhava da máscara, mas agora também está
usando. Você viu na televisão? Se você segue ele, também deveria se proteger, né?”.
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