Helena, minha sogra (Arquivo JRS) |
Nascemos após um breve tempo aninhados no útero quente de uma mulher. Ela se torna a nossa mãe. Coisa
maravilhosa mostrar ao mundo um novo ser! Não é à toa que as primeiras
divindades à nossa imagem e semelhança eram femininas!
Uma vez neste mundo, começa a
nossa luta para manter a vida. E vale a pena lutar! Um ditado dos antigos diz: “Se a morte é um descanso, prefiro viver
cansado”. Vamos driblando a morte, criamos cultura para adiá-la ao máximo,
investimos na ciência neste ideal: ter
uma vida feliz. Mas a morte vem porque ela é parte da vida. Cada um de nós é uma
estrela: nascemos, alcançamos um momento de maior fulgor e vamos perdendo
energia, se apagando.
Tal como uma estrela, um desses
corpos brilhantes que se irmanam com o Sol no infinito espaço sideral, de vida alimentada nós nos tornamos
alimentadores de vida. E geramos outras vidas! E essas vidas, um dia dependentes
de nós, gerarão outras vidas... e outras... e outras... Nossas energias se
esvaem em outras energias, chegam a um fim aparente que chamamos de morte. Na verdade,
elas tinham uma função e a cumpriram. Se bem ou mal é apenas uma questão moral.
Ontem a minha sogra completou parte de seu trabalho. A minha Gal, bem como seus irmãos, netos e netas, herdou parte
dessa energia que se compôs, se espalhou e agora retorna aos braços da Mãe
Terra. Como todo ser vivente, os elementos provenientes do chão voltam a
enriquecer o chão depois de espalharem um volume de energia indizível pelo ar. A
vida é um milagre assim como a morte é o sentido quase derradeiro desse
milagre, porque a última razão está a cargo dos que continuam viventes, pois preservar
a memória é continuar recebendo energia dessa vida que se foi à outra condição.
Mas é energia! Quem não continua se espelhando em tantos outros que já não
estão presentes fisicamente? De vez em quando dou uma despertada para pensar: “Os
avós que tanto admirei emprestam seus nomes à Maria Eugênia e ao Estevan José, neles
continuam como energia... A minha mãe me transmitiu o desejo de viajar, de
prestar atenção nas falas de todos... O meu pai me ensinou os ofícios de
pedreiro e carpinteiro, de buscar os sinais da natureza... E de onde vem as
habilidades da minha Gal e as energias que recebo dela? Grande parte nasceu das energias dessa mulher que a
gerou!".
É isso! Somos estrelas, mas nosso apagão é aparente! Viajamos num sentido,
mas continuamos a viagem com outras luzes! Somos estrelas, ajuntamos energias para depois
dispersá-las em formas de vidas. No céu estrelado, cada estrela tem a sua distância de nós, mas todas juntas, brilhando de seus lugares, resultam no nosso encantamento! Repleto de orgulho da minha Gal, tenho certeza que
a dona Helena fez bem a parte dela!
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