Na lagoa da Cocanha (Arquivo JRS) |
Na beira do rio Acaraú (Arquivo Mary) |
São José dos Campos é uma grande
cidade, com mais de setecentos mil habitantes. Dista menos de cento e cinquenta
quilômetros de Ubatuba. É repleta de indústrias, com uma malha viária que
funciona muito bem ao meu ver. Nesse tempo de pandemia já passei um bom tempo
lá, em idas e vindas ao Hospital Regional, onde minha sogra está sendo tratada.
E, por ali mesmo, nos arredores, alugamos um espaço simples para não precisar
viajar tanto. Numa manhã, estando lendo e fazendo minhas anotações, além de
escutar pássaros comuns, urbanizados (sanhaço, rolinha, pardal, periquito,
andorinha, bem-te-vi, bonito-fogo...), também fui afetado pelos pios de
saracura. “Nossa! É a primeira vez! Será
mesmo? Se for, tem que ter um água (rio, brejo, várzea, lagoa...) aqui por
perto”. Fica uma vontade de confirmar isso! “Mas no centro da cidade?”.
Na minha história, na minha
vida, as saracuras se destacavam quando eu, criança ainda, na casa da vovó
Eugênia, escutava seus alaridos nos córregos e valas existentes por perto, um
vargeado de ciosas entre a casa do Dário e a casa do nhonhô Armiro. Bem cedo e
no serão as saracuras pareciam estar em festa. Vovó dizia: “Essa é a prosa delas, todo dia, a vida inteira é assim. Por ali
namoram, chocam os ovos, criam e se recriam porque tem fartura para elas. Também tem garças, savacus, curicacas, socós... Peixes, sapos, cobrinhas, minhocas, camarões... Essas aves comem tudo isso!”.
Agora, recordando do nosso lugar quase todo aterrado e tomado por casas e prédios, me pergunto: “Onde estão as saracuras? Será que muita
gente, além de perceber os pássaros comuns, também presta atenção aos piados
delas? E, na cidade grande, estão se adaptando às águas que já não são limpas?
O que comem por ali?”.
É... São tantas coisas para caiçara pensar...
É... São tantas coisas para caiçara pensar...
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