Olá, Samuel Félix! Que bom tê-lo como seguidor do blog!
Ao ler o livro Longe da árvore, de Andrew Solomon, destaquei:
“O mundo seria
melhor com mais culturas? Acredito que sim. Da mesma forma que lamentamos a
perda de espécies e tememos que a redução da biodiversidade possa causar
efeitos catastróficos no planeta, também devemos temer a perda de culturas,
porque a diversidade de pensamento, de linguagem e de opinião faz parte daquilo
que torna o mundo vibrante. Estima-se que até o final deste século [XXI],
metade das seis mil línguas atualmente faladas na Terra terá desaparecido. Com
essas línguas, vão-se muitos modos de vida tradicionais”.
É por isso que tento incentivar as pessoas a registrarem
sempre alguma coisa de seu entorno, dos mais antigos e da nossa história
caiçara. Temos que aproveitar desse material humano, dos velhos caiçaras e das suas
experiências!
O “nego velho”
Silvério Sabá, da Praia da Enseada, era também vendedor de peixes. Numa
ocasião, passando com uma carga de peixe galo, obeba e maria-mole, num dia de
sol muito ardente, parou para uma prosa e se refrescar com água gelada. Era comum desse velho caiçara
sempre trazer novidades, causos novos, coisa que eu escutava com o maior
prazer. Eis o que eu ouvi naquele dia distante:
“Iaiá, não teime. Solte a marreca, senão eu morro.
Sou levado da breca.
Quem ver a menina terna e mimosa,
Pequena e redondinha,
Não diz que conserva presa
Sua bela marrequinha”.
- Sabe o que é isso, Zezinho? Percebendo que eu não tinha
resposta, emendou:
- É lundu, diversão que embala o meu povo!
- E sabe o que é marrequinha? Não sabe, né? É aquele laço que fica atrás dos vestidos das meninas.
- E sabe o que é marrequinha? Não sabe, né? É aquele laço que fica atrás dos vestidos das meninas.
Depois de anos
fui pesquisar a respeito de lundu.
“O lundu nasceu
em Angola e Congo. Originariamente era um dança trazida pelos escravos nos
primeiros anos da escravidão. A primeira referência escrita sobre esta dança
data de 1780 - uma carta escrita por um antigo governador de Pernambuco ao
Governo português, sobre danças de negros brasileiros denunciadas ao Tribunal
de Inquisição.”.
Foi-se
o Sabá...foi-se tanta gente...Faz-me pensar na frase de um estudioso africano:
“Quando uma pessoa velha morre, é uma biblioteca que se queima”.
“Quando uma pessoa velha morre, é uma biblioteca que se queima”.
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