Caiçaras no Porto do Sobrado |
A historiadora Cláudia Martins, na
sua sucinta biografia a respeito de Félix Guisard, o neto de franceses
considerado por Monteiro Lobato como o segundo fundador de Taubaté, hoje nos
relata de quando o empresário decide conviver mais com a cidade de Ubatuba.
“Em 1933, as festas da família
ganharam mais um lugar. É que Félix Guisard adquiriu um casarão em Ubatuba,
chamado Sobradão do Porto. O imóvel fora construído por Manoel Baltazar da
Cunha Fortes, comerciante português que depois o vendeu a Julius Kerstz,
húngaro que fez dele o Hotel e Restaurante Budapest e que, por sua vez, o
vendeu a Guisard. O prédio foi todo construído com material vindo de Portugal. Até as batentes de pedra
vieram como lastro de navio. Félix Guisard fez questão de preservar cada canto
da casa, consciente do seu valor artístico.
Além do
sobrado, Guisard comprou também algumas terras e um pedaço da praia do
Perequê-açu. A cidade, ainda pouco habitada e também pouco visitada por
turistas, oferecia um mar de paz e tranquilidade depois do estressante trabalho
da fábrica [em Taubaté]. Porém, o problema estava em chegar até Ubatuba. A estrada era
interminável, cheia de buracos e, quando chovia, o carro atolava na lama e não
havia quem o fizesse andar. Era preciso procurar a fazenda mais próxima e
emprestar uma junta de bois para arrancar o carro do atoleiro. E a viagem pela
Serra do Mar durava boas horas”.
Maria Cecília,
a neta de Guisard, assim expressou o
prazer de ir para Ubatuba:
“A primeira
vez que fui lá, em 1934, eu estava com 13 anos de idade. Ao chegarmos ao alto
da serra, o mar nos aparecia com o azul do céu refletido, formando um todo
de beleza incrível, fazendo-nos esquecer
todo o cansaço da viagem”.
Naquele tempo,
“o casarão era muito agradável, havia muitos quartos e o local era bastante
arejado. Ubatuba era iluminada à noite por lâmpadas muito fracas, mas ninguém
andava pelas ruas depois que escurecia. A família Guisard acordava cedo e ia a
pé à Praia do Perequê. Eram os únicos turistas”.
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