sexta-feira, 10 de junho de 2011

Franceses sonhando em terras de Ubatuba (Parte II)

       
       Chegamos esperançosos em Taubaté, mas as condições também não estavam tão favoráveis. Nesse ínterim nasceu Patrícia. Deste tempo é a experiência de arrendamento de um sítio em Redenção da Serra, onde ensaiamos um modelo de produção, sobretudo de batatas. A seguir conhecemos Ubatuba.
        Através de um convite de uma família muito amiga -os Guisard- viemos, em 1953, conhecer Ubatuba. Eles eram os donos do Casarão, onde está atualmente a sede da Fundart. Foi em uma de suas casinhas, atrás do Casarão, que nós ficamos hospedados. Meu marido  - Jean-Pierre - se entusiasmou pela cidade.      É preciso lembrar que ele adorava o mar; era um velejador em nossa terra natal. Ainda temos a foto de seu primeiro veleiro na região do Canal da Mancha, Bretanha, norte da França. Logo se empolgou em investir aqui.
             Em 1954 nós partimos à procura de um lugar que, além de agradável, oferecesse as condições propícias de cultivo e de instalações. Meu marido era um empreendedor. O lado sul do município logo ficou fora de cogitação. Motivo: a abertura da rodovia Ubatuba-Caraguatatuba estava sendo concluída, fazendo com que os preços das terras daquele lado encarecessem muito. Então nos falaram do lado norte, das vastas áreas e de outras vantagens.
        Num final de semana, após deixarmos a Patrícia com alguém de muita confiança em Taubaté, começamos a nossa aventura para o lado norte do município. Por volta do meio-dia deixamos a cidade, seguindo sempre a pé.  Passamos o Perequê-açu, o Saco da Mãe Maria, a praia Vermelha com suas areias grossas, a praia do Alto - que até hoje é muito bonita -, a praia de Itamambuca. Imagine tudo isso a pé e com muito calor! Depois chegamos ao morrão da praia do Félix e, finalmente, paramos ao escurecer, na praia do Léo - aquela que, desde 1991, devido a um desabamento da estrada após forte chuva, está soterrada numa boa parte.
        Na praia do Léo batemos palmas numa casa e perguntamos se havia ali por perto alguma pousada ou coisa do gênero. Imagine só!!! Isso era comum na Europa. Disseram que não. Nos ofereceram um pouso, numa cama simples com esteira de taboa. Foram muito gentis conosco.  No dia seguinte, já sabendo dos nossos motivos, disseram que para os lados do Ubatumirim e do Puruba é que tinha boas terras. E era mesmo! Pura verdade!
        No rio Puruba paramos e esperamos um bom tempo até que o balseiro aparecesse. Parece que ele estava almoçando, depois deve ter dormido um pouquinho. Nem me lembro mais direito deste detalhe. Só sei que ele apareceu e, assim alcançamos a praia da Justa. Finalmente, depois de um pequeno morro, estávamos no Ubatumirim.

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