Conforme já relatei, a questão do porto no século XIX causava angústia à classe política e econômica de Ubatuba. Era um entrave ao desenvolvimento da cidade onde, após o declínio da cafeicultura, somente o mar se apresentava como viabilidade de progresso. Por isso que, nos últimos anos do reinado de Pedro II, com a aprovação e início das obras da ferrovia, cujo terminal era na Ponta Grossa, onde está até hoje o “Caisão”, houve uma alegria geral. Finalmente aparecia uma luz no horizonte.
Porém, com a proclamação da República, os rumos ficaram confusos. Floriano Peixoto, segundo presidente do Brasil, enfrentou a Armada (Marinha), onde os monarquistas dominavam e tentaram impor algumas condições. Saiu vencedor. Os derrotados e seus aliados (simpatizantes) passaram a sentir o peso do “Marechal de Ferro”. Mas o que isso tem de relação com Ubatuba, com o nosso assunto do porto? É simples: os que dominavam a política local eram favoráveis à Armada. Logo, os investimentos previstos para serem aplicados aqui foram cancelados. E o sonho de um porto decente, de uma ferrovia desde São Bento do Sapucaí até o nosso município “foi por água abaixo”.
O que vem a seguir é um desabafo do deputado Dr. Esteves da Silva, proferido na capital em 1899:
“Senhor presidente, é realmente triste o que eu vou narrar: fez-se um cais aberto na rocha viva, preparou-se o leito todo da estrada, construíram-se até estações elegantes com armazéns, como poderão atestar alguns colegas, aplicaram-se os trilhos e, afinal, a infeliz revolta de 1893, por motivos que não vem ao caso expor, deu à caducidade da concessão, que foi o tiro de morte para aquela localidade. Uns compraram terrenos preparando-se para construções, outros fizeram movimentos de capitais que estavam perfeitamente garantidos, de modo que desse tiro resultou a miséria, o descalabro para grande parte da população”
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