sábado, 12 de setembro de 2020

CAPITÃO DE CANOA

 


 

Frente ao mar, no Masssaguaçu (Arquivo JRS)

          Aristeu, caiçara da Ilha do Tamanduá, tinha boa memória, gostava de prosas em rimas. Em qualquer ocasião puxava da oralidade e da tradição, quase sempre num ponteado de cavaquinho. Dele escutei a respeito de um velho capitão, vindo de outras terras.

 

Passou por aqui, meu amigo Zé,

Um velho capitão, desses do mar.

Como eu reconheci? Ele nos contou!

“Tenho mais dias de água salgada do que de vida”.

Logo debulhou todos os lugares,

E contou seus tantos amores.

Mas foi neste lugar que apoitou:

Ali no Morro da Tinticuia morreu.

Em lugar de quase água nenhuma,

O homem de tantas águas se findou;

Sem posse alguma além das histórias...

Ele saudades deixou.

 

Quando chegou trazia só um saco de lona,

Um pito no canto da boca

E o cachorro Tristão.

Achamos graça do jeito de falar:

Era estrangeiro de lugar estranho.

“Eu me criei em Granadinas, terra cercada de mar”.

Riscou no chão seu lugar: Canouan.

No sarro da nossa gente era:

O capitão que veio de Canoa.

Logo Capitão Canoeiro ficou.

Muita gente sabe das suas histórias

Desde cada serão que contou.



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