Meu ipê florido.....(Arquivo JRS)
O que cobiça esse ser ao afirmar
que “é preciso passar a boiada”,
destruir a única riqueza verdadeira: a vegetação? Onde vamos parar com tanta destruição
ambiental? Como exigir que as populações tradicionais sejam respeitadas, que
seus territórios continuem preservados para a vida?
Somem árvores e rios. Acabam os
peixes do mar, dos lagos... As aves migratórias da minha terra desapareceram
porque os brejos fartos em nutrientes foram aterrados pela gana imobiliária.
Diminui a oferta de alimentos, surgem novas doenças devido ao desequilíbrio
notório. Tudo se esvai como água entre os dedos.
Em cada esquina um monte de tudo
batizado de entulho. Plásticos decoram beiras de estradas. Morros são
destruídos para o acúmulo de capital apenas de um ou dois seres.
Qual ser inteligente corroeria os
alicerces da casa que o abriga? Qual ser jogaria esgoto na água que precisa
para a vida? Onde está a sabedoria em pensar somente no agora como se não fosse
existir outras gerações?
Ao escutar um economista dizer
que, no Brasil, chega até 600 (seiscentas) vezes mais que o salário médio
dos trabalhadores os salários de diretores de algumas empresas, me pergunto se entre os
homens as necessidades biológicas são diferentes. Partindo dessa forma de
violência fica fácil entender a razão da violência crescente sob todas as formas
na nossa sociedade.
Durmo e acordo atento e tenso aos rumos desta terra e desta Terra. Meu
espaço está arborizado. Cada planta eu vi desde semente. Agora olho desde as
minúsculas suculentas, sempre com folhas rebrotando em novas mudas, até os
grandes coqueiros jarobás oferecendo suas floradas às abelhas e seus coquinhos
às crianças que, com pedras, quebram seus frutos na calçada, se alimentam deles. Pelos galhos das
árvores que cresceram se aninham passarinhos diversos. Cantos e piados são
constantes no cotidiano. Assim me equilibro. Assim se equilibram os da minha
casa. Talvez os passantes também se aproveitem de nacos do meu prazer, do meu
esforço. Pode ser que alguém reflita e passe a cultivar, a cuidar melhor do seu
espaço particular para ser um lugar de paz com a natureza. Devemos ser capazes de entender que o todo não existe sem cada um.
Tem ouro maior que isto?
Tem sim! Agora contemplo a
florada do ipê amarelo. Penso: “Ainda
ontem era semente; hoje parece coberto de ouro”.
Não tem ouro maiss lindo que esse. Parabéns meu amigo pelas palvras
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