Praia Martim de Sá, onde morava o Tio Garcêz, na metade do século XX. (Arquivo histórico) |
Chegou
o novo ano! Já estamos em 2015!
Comecei
o primeiro dia do ano com quem mais amo: a minha família! No meu
espaço, assim que o dia amanheceu, fui cuidar das plantas e dar uma arrumada no
quintal. Fiz podas, enterrei galhos e folhas, transplantei mudas, colhi algumas
frutas e varri a calçada.
A
minha calçada, assim como muitas, tem árvores e outras plantas menores.
Acredito ser muito importante a harmonia proporcionada pela natureza. E quem dos
passantes não merece uma sombra em dias tão quentes?!? A cada vistoria que faço
nos modestos canteiros da calçada, recolho um monte de lixo: são garrafas,
sacos plásticos vazios ou com fezes de cachorros, copos descartáveis, latas de
alumínio, tubetes de crack etc...etc... Ou seja, considerando a repetição ao
longo do ano, deduzo que são contribuições da vizinhança, de pessoas sem
educação e sem respeito ao(s) espaço(s) do(s) outro(s). A casa de gente assim deve ser
igual o quê? Imagine a convivência com gente assim! E como fica a perspectiva
de luta por um mundo melhor, tendo esse tipo de “parceria”? Resumindo: se nem com
o próprio lixo conseguem um comportamento adequado, uma solução civilizada,
como poderá decidir encaminhamentos políticos para a realidade desde o entorno?
“Miséria cultural!”, exclamava o
Mestre Américo. Nos idos de 1970, analisando os rumos dos negócios imobiliário,
dos aterros dos terrenos, das ocupações de áreas impróprias e da destinação do lixo em nossa Ubatuba, ele anunciava a formação de
uma mentalidade muito diferente da cultura que era natural daqui, a enxergar os recursos naturais de outra forma. Aqueles primeiros trailers e barracas que se instalavam na Praia Grande, segundo ele,
eram “uma mostra do que virá nas próximas
décadas”. E acrescentava: “Quem viver
virá”. Essa mentalidade agora está posta! Parece que de pouca coisa valeram/valem
as aulas e as propagandas esclarecedoras em torno do meio ambiente e do valor da
vida.
Muita gente não percebe a interdependência
entre tudo (animais, rios, mar, restinga, mangue, homens...) que forma a
diversidade na nossa terra. A devastação é encarada como normal e inevitável. A
indústria também segue um modelo inconsequente. “O que importa é o lucro”, dizem muitos. Não foi assim que eu
aprendi dentro da minha cultura caiçara. Lembro-me que até condimentos,
especialmente pimenta, não eram usados no preparo dos frutos do mar devido à
crença de que disso resultava a diminuição deles na natureza. E o que dizer do
respeito aos ciclos dos animais e dos peixes?
Contra
pessoas que destoavam de um viver mais fraterno, que davam passos para provocar
as desuniões, a saudosa Tia Izolina tascava: “Praga eu não rogo, mas bom fim não há de ter”. No fundo, era versão
similar ao “Deus dará aquilo que merece
gente assim. Ele é justo”. Eu não quero ser radical! Quem sabe não está
certo pensar positivamente no bordão oficial anunciado neste primeiro dia do
ano, ou seja, no “Brasil: Pátria
Educadora”?
Vamos
apostar na educação a partir da convivência nesse nicho ecológico (entre a serra e o mar) que
possibilitou o nascimento da cultura caiçara! Se valendo da época, onde as
Folias de Reis percorrem as casas e se preparam para o evento do próximo Dia
dos Reis (06/01), não vamos fazer como Herodes e “ensinar às avessas do caminho”.
Enfim, começo o ano de 2015 acreditando que devo fazer bem a minha parte a
começar pela minha casa e arredores. É o que desejo a todos para a nossa
própria felicidade. Que venha tudo de bom! Um abraço.
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