Um registro imaterial ajuda a preservar as culturas locais. Em Ubatuba, quantos grupos e quantas tradições já se foram por não serem valorizados? Mariano, Modesto, Fortunato...Ah! Quantos moçambiqueiros se empenharam nessa devoção!?!
Os grupos de Congada e de Folia de Reis continuam em Ubatuba por mérito de uma ação pastoral de uma geração fiel às raízes e por incentivo cultural municipal. Em relação à fotografia (de 1960), você sabia que foi o Velho Mariano, caiçara descendente de escravos de Paraty, que se dedicou nessa época à devoção a São Benedito em Ubatuba, fundando a Capela da Estufa?
Proposta de registro imaterial da folia de reis
|
Isabela Vieira
|
A
tradicional folia de reis, presente na maioria dos municípios fluminenses,
pode se tornar um bem cultural imaterial. O registro está em estudo pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que faz um
mapeamento das folias no estado, em parceria com a Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (Uerj). A proposta foi tema de seminário semana passada na
cidade de Vassouras, no interior do Rio, que inaugurou também mostra temporária
sobre o folguedo, com máscaras usadas na prática pelos grupos dos municípios
do Vale do Paraíba.
A folia de
reis nasceu da catequização por padres portugueses no Brasil, que contavam
histórias bíblicas por meio da dramatização. É uma encenação da viagem dos
três reis magos ao local de nascimento de Jesus Cristo, para presenteá-lo com
ouro, incenso e mirra. No cortejo, que entra na casa de devotos, são
declamados cânticos em formato de repente.
Assessora
de Patrimônio Imaterial da Superintendência do Iphan no Rio e supervisora do
mapeamento de folias de reis, Mônica da Costa conta que já foram listados
folguedos em 15 dos 92 municípios. “Temos uma metodologia específica e
queremos terminar o estado todo para fazer o pedido de registro”, disse. O
mapeamento deve se estender a 2015.
A
professora Cáscia Frade, que estuda o tema há 20 anos e coordena o
levantamento com o Iphan, ressalta a presença do ritual folclórico em quase
todas as cidades fluminenses. Ela acredita que o registro pode estimular
políticas públicas para estimular tal prática cultural e cita como exemplo a
possibilidade de as prefeituras financiarem ajuda de custo aos grupos.
“Cada
grupo é mantido, principalmente, pelo chefe maior, chamado mestre. Ele é
encarregado de toda a parte material, instrumental, indumentária, eles pagam
as passagens dos integrantes do grupo, quando não dá para ir a pé. Com
frequência, ele tem ajuda dos integrantes, dos amigos, mas não existe nenhuma
verba [específica]. Uma ajuda do município faz a diferença”, explica.
Outra
proposta é a criação de uma aposentadoria para os mestres, como a que já
existe para mestres da capoeira, e um salário para participar de atividades
em escolas.
Apesar de
ter origens no período colonial, Cáscia conta que a prática continua forte
entre os fiéis, com até 19 grupos por município. A fé, explica, mantém a
tradição viva. “Os grupos vivem em função de promessas. Por problema de
saúde, ter notícia de pessoa desaparecida, para o filho arrumar o emprego.
Enfim, situações que levam a pessoa a pedir ajuda ao sagrado.”
Caso o
Conselho Consultivo do Iphan declare a folia de reis bem imaterial, o
folguedo estará registrado ao lado de outras práticas como o jongo da Região
Sudeste, as matrizes do samba carioca, o ofício das baianas de acarajé, o
ofício de mestres de capoeira e a roda de capoeira, além da Festa do Divino
Espírito Santo de Paraty, registrada em 2013.
FONTE: O GUARUÇÁ
|
terça-feira, 30 de setembro de 2014
FOLIA DE REIS
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário