O rio (Ipirangunha) está lá embaixo... tudo vai naquela direção (Arquivo JRS) |
Olá, Elaine Pigatto! Seja bem-vinda!
Para
a saúde do nosso corpo existe uma infinidade de veias, artérias e vasos
sanguíneos. Se por infelicidade um mínimo entupimento ocorrer, a nossa
existência estará comprometida. No meio ambiente também é assim. Daí a
necessidade de preservar e valorizar o mínimo olho d’água e os lugares a marejar
que se encontram pelos caminhos do nosso município (Ubatuba- SP). Não convém se
descuidar de que é urgente um desenvolvimento sustentável porque os recursos
não são infinitos.
Na
nossa realidade caiçara, as mudanças foram ao extremo. Quando eu nasci, há mais
de meio século, todos se serviam dos rios para as muitas tarefas. Na casa dos
meus avós paternos, na Praia do Sapê, o rio volumoso e piscoso ficava bem
“próximo da porta da cozinha”. Foi lá que conheci marisco do rio (sururu), enguia
(mussum), cágado, jundiá, mandi, cafula, camarão vadio, lagosta, piaba e tantos
outros complementos da nossa alimentação. Já na Praia da Fortaleza, onde
moravam os avós maternos, além do rio encachoeirado de muita serventia, a água “vinha de longe” até ao cisqueiro em
calhas de bambu. Era debaixo de uma enorme pedra que brotava aquela água
cristalina. Hoje, nesse lugar, uma estrada cortou o terreno e destruiu tudo. Já
não aflora água alguma. Perdeu o homem, perderam os outros bichos e danou-se a
vegetação que ali existia. Ou seja, além da vida humana, é preciso um
desenvolvimento capaz de atender aos demais seres. Assim escreveu Leonardo
Boff: “Todos constituem uma comunidade planetária em que estamos inseridos, e,
sem eles, nós mesmos não viveríamos”.
A
propósito, interessa aos moradores de Ubatuba: escutei, no posto de combustível
do Bairro do Ipiranguinha, alguém afirmando que o governo estadual está com
projeto em andamento para construir uma captação de água no município vizinho
de Natividade da Serra, no lugar chamado de Balsa. Isso quer dizer que os rios
com nascentes na Serra do Mar, antes de se encontrarem na represa de Paraibuna,
devem dar um alívio aos paulistanos. Porém, volto a repetir: os recursos não
são infinitos. Essa gente também precisa cuidar da água! Daí a preocupação de replantar água, de proteger os mananciais e
de retomar atitudes que respeitem o meio ambiente.
Desde
já é bom se preocupar com a seguinte situação: caso persista a falta de chuva
no território paulista, o fluxo de turistas para as represas deve cessar na
próxima temporada (dentro de três meses). O litoral pode ficar saturado de
visitantes. A questão é: a captação atual dará conta do recado? Um conselho: é bom cuidar das nossas águas e garantir uma
reserva de emergência em seu terreno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário