Ontem,
21 de setembro, comemorou-se o Dia da Árvore. É uma data especial à educação
escolar (mesmo que em alguns calendários escolares ela já tenha sido apagada).
Afirmo isso porque, a cada comemoração
acompanhada de reflexão e ato concreto, uma nova mentalidade se forma. Foi
assim comigo. Na minha escola primária, na Praia do Perequê-mirim, essas
comemorações sempre foram marcantes: cantávamos o Hino Nacional, escutávamos uma
preleção e ajudávamos no plantio de mudas por ali mesmo, no entorno. Quem
levava as mudas era um japonês bem idoso, mas altamente disciplinado e amante
da natureza. Aquele senhor que morava sozinho, numa pequena casa, na margem da rodovia, era um dos migrantes do início do século XX. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, os colonos alemães, italianos e japoneses foram retirados das áreas que ocupavam no litoral. Na
verdade, então, aquele pobre homem que tanto colaborou para a nossa civilidade, era um remanescente de um grupo retirado dali devido ao conflito mundial. Dizia o finado Dito Coimbra: "Ele voltou depois de acabado a guerra. Naquele lugar os japoneses tinham uma colônia, um pedaço de terra". Só sei dizer que aquela humilde figura estava presente em todos os momentos marcantes da nossa escola, se
orgulhando de fazer parte da nossa vida comunitária. Eu me emocionava logo cedo ao vê-lo do lado da nossa fila, com a mão direita sobre o coração, escutando o hino e vendo a bandeira ser hasteada. Depois, enquanto nós nos dirigíamos em fila para a sala de aula, ele punha o chapéu na cabeça e voltava à sua lida. Hoje, quando passo na Entrada das Três Praias, ainda tenho a impressão de ver a sua casinha e a sua imagem sempre em atividade, mexendo a terra e tendo um olhar tão puro. Outra pessoa maravilhosa morava ali perto: o Seo Dito Santo.
No
sábado, ao passar pela Praça Alberto Santos, ao lado da Barra da Lagoa, avistei crianças e suas famílias desenvolvendo atividades para comemorar o Dia da
Árvore, a chegada da Primavera: pedalaram, plantaram, lancharam e brincaram deliciosamente. Ah! Que bom!
Que
bom que a praça estava limpa das sujeiras eleitorais! É sinal que, ao redor
dali, tem gente bem formada, capaz de coibir esses abusos! Imagine como ficaria
feia a fotografia com esses péssimos "exemplos cívicos" (faixas, fotografias
enormes, papéis etc.) largados sobre gramados e calçadas! No entanto, ainda tem
uns e outros que minimizam isso e até defendem toda essa porcariada.
Eu
aposto nessa nova geração! Só ela pode superar essa onda de “sem-noção” que
encalha nas praias de Ubatuba! Essas
crianças, desde já, dão sentido à nova fase da humanidade, a fase planetária!
Assim, plantar uma árvore, refletir e exercer outros gestos de civilidade pode
nos dar esperança de que, conforme escreveu Leonardo Boff, “não vamos de
encontro a um desastre, mas ao encontro de um novo renascimento”. Fica então o
desafio da nossa modesta missão: contribuir com a mudança de um estado de
consciência.
Parabéns
à Escola Criar-te que promoveu o evento!
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