Aproveitando que a Iramaia e o Marquinhos gostaram das outras lembranças, resolvi
dar mais asas à imaginação. Ainda bem que a saudade me ajuda muito!
Andando pelos caminhos e ruas do Perequê-mirim que cresceram
comigo, parei logo depois do lugar dos batalhadores Hiasa como se estivesse
vendo, num quintal dali, o Velho João Emboava e a bondosa Dona Júlia. Naquele
tempo ele já vivia numa cadeira de rodas. Porém, quem dos antigos não se lembra
dos bate-pés do tempo em que eles moravam na Enseada, tal como os promovidos
pelo Seo Dito Góis, quando ainda era católico?
Seguindo a mesma rua, lembrei-me do Lalau que, num belo dia,
levou suas filhas bonitas para Caraguatatuba. Depois, na mesma casa, veio morar
a Dona Jovina.
Defronte à esquina do Tião Honório e da sua mãe Dona Hermínia, a
Dona Preciosa e o Seo Dito construíram sua primeira casa no Perequê-mirim. “Naquele
tempo dava dinheiro alugar casa para temporada! Muita gente vinha veranear em
nossas praias.” Mais ao lado outras construções apareciam: uma era do Santinho
e a outra do Nilo Cabral, ao lado do casal Seo Carlos (eletricista, encanador e relojoeiro) e Florízia, filha do Seo João
Lucas. Na verdade, eram lotes que faziam parte das terras da Dona Maria Graça,
mãe do Jango, da Dolores, da Jane, da Maria e do Nelson. Bem ali, atravessando
um límpido rio, se alcançava a casa do Gusto e da Dona Antônia, da Regina e do Chico Mineiro. Perto deles moravam Nicolau Caçuroba, Licínio
Teteco, Teco da Dorcas, Otacílio Barreto e a sua mãe (que era bem corcunda,
coitada!).
A partir da esquina da Vila Pixucha, eu puxava conversa com
Nazaré e Natalina, as meninas da Dita e do Brasiliano. Era o meu caminho para
ir até a casa do Odilon, um dos filhos da Dona Celeste e Seo Zé Maia. Nós
trocávamos gibis. Líamos muito! Desde gibis até livros, revistas de fotonovelas
etc. Ainda um dia desses, sobre isso, eu passei um tempão conversando com a
Maria Odila.
Ao lado da Dona Celeste, moravam Idílio, Maria e crianças. A
propósito, sempre me perguntei de onde veio esse nome. Foi ao próprio Idílio
que ousei perguntar. Ele, embalado por umas cervejas, no Bar Orly (do Severino)
me disse:
“Ah, Zezinho! Veio em homenagem a um bispo, do tempo em que
os meus pais eram católicos! Na época do meu nascimento, foi inaugurado a
chegada da energia elétrica em Ubatuba. Veio o governador Ademar de Barros e
veio o bispo de Taubaté, o Dom Idílio José Soares. Aí, desejando que eu fosse
uma boa pessoa, me batizaram com o mesmo nome do bispo”.
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