Pensando..... (Arte: Maria Eugênia) |
Ao ler a respeito das estradas romanas, das linhas yam dos mongóis de Gêngis Khan e dos outros artifícios de tantos povos para agilizar a comunicação, penso num instrumento simples que fez parte da minha infância, das comunidades caiçaras do século passado: o sino.
O sino, em cada comunidade, ficava numa modesta torre da capela. Era usado para convocar aos cultos, mas também chamava para algo importante, de interesse dos moradores da localidade. Ao ler a série Anjos da Saúde, do Nenê Velloso, lembrei-me do trabalho do saudoso Joanito que, ao se aproximar com um jipe da Praia da Fortaleza, vindo ainda bem longe, alguém já badalava o sino na Capela de São João Batista. Era aviso de um serviço importante. No caso do jipe, dizia respeito à saúde: podia ser uma campanha por construção de privadas domésticas para evitar um surto de vermes e lombrigas, uma etapa de vacinação ou até mesmo a visita de um médico acompanhado de enfermeiros.
Quero dizer que o sino, assim como o “buzo” usado para convocar à pesca comunitária semanal, cumpria um papel muito sério. Por isso que ninguém se aventurava batê-lo por pirraça, de brincadeira. Ah! Conhecia-se o significado dos toques! O meu pai, por exemplo, ao distinguir os retinidos que avisavam do Jipe do Joanito, logo metia a cara no mato, desaparecia no bananal. É que o coitado sempre teve muito medo de injeção. Só aparecia em casa depois que tinha certeza do retorno do “Pessoal da Saúde” para o centro da cidade. Dizia: “Ainda bem que aqueles anjos se foram!”.
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