Há coisa de um ano, o cronista Francisco Ruiz, passando uns dias de verão em Ubatuba, fez questão de conhecer um espaço que recebia muita badalação: o Quilombo da Caçandoca. É muito interessante o seu texto; deverá provocar boas reflexões aos mais sensatos. Afinal, são observações de uma área no espaço da cultura caiçara, com reflexos de uma mentalidade que se distancia do ser caiçara trabalhador, preservador da natureza e do espírito comunitário. É triste ver pobres degradando e querendo fazer o mesmo papel dos exploradores, muitas vezes por ganância, ingenuidade ou por ausência de uma reflexão em torno da identidade cultural. São poucos que remam contra a maré. Pior ainda é saber que grande parte desses pobres se alimenta da cultura do assistencialismo, de esperar as cestas básicas do governo e por aí afora.
Depois de mais de uma semana tomando sol na praia da Lagoinha, meu corpo já estava se sentindo como bacalhau de porta de venda e implorando por um banho de cachoeira na mata. Seguindo indicação de amigos, peguei o carro e parti para o Sertão do Quina, na encosta da Serra do Mar, bem atrás da Praia da Maranduba, Ubatuba SP.
Antes da praia, cartazes indicam que estou adentrando os limites do quilombo. Preparo-me para encontrar os primeiros negros, que eu imaginava instalados, pacata e bucolicamente,
naquele recanto à beira-mar.
(Continua! Oba!)
naquele recanto à beira-mar.
(Continua! Oba!)
Vai publicar por partes, Zé Ronaldo? Se for, coloca lá um "continua" no fim do texto.
ResponderExcluirSua introdução é pertinente, triste verdade.
Um reparo, esta visita aconteceu no início de 2013, mais precisamente em janeiro.
Abraço.
Chico Abelha (Francisco Ruiz)
Bom dia a tod@s!
ResponderExcluirBem meu nome é Mário Gabriel sou quilombola nascido e criado dentro do Quilombo Caçandoca, sou negro (pelo menos me sinto assim, me me auto defino negro, apesar de minha mãe ser descendente de escravos e meu pai ter sido descendente de donos de escravos) por isso digo que procurar somente negros em um quilombo pode ser uma utopia não só no Quilombo Caçandoca, como em qualquer outro quilombo, pois estamos em 2.013, após 155 anos de existencia a miscigenação é clara, a disso exemplo tenho um primo que é casada com uma japonesa, e que tem uma filha linda, negra e de olhos puxados, será que ela não pode ser considerada quilombola?
O Quilombo Caçandoca pra quem não conhece tem 890 hectares abrange da Praia da Caçandoca a Ponta do Frade, e tinha o nome Fazenda Caçandoca pois era uma fazenda de Café no século 19 de um português José Antunes de Sá, este por sua vez era pai de 3 filhos que se miscigenam com suas escravas dando origem a nossa comunidade sendo assim não é um quilombo de fuga e sim herdado, pois não há registro de venda destas áreas, e também por isso não achará somente "negros" dentro do quilombo, como também temos uma miscigenação de um quilombola com uma indígena durante esta colonização. Sendo assim já temos Portugueses,Indios e Negros...
O conceito usado pelo autor é completamente racista e sem critérios de conhecimento baseado em um conceito escravagista de 1.740 do Conselho Ultramarino que definia como quilombo como " Toda habitação de negros fugidos, que passem de cinco em parte despovoado, ainda que não tenham ranchos levantados, e nem se achem pilões nele..."
Ainda mais se perguntasse mais descobriria que maioria dos quilombolas são casados com parentes apesar de terem sua vida livre podendo casar com brancos,negros ou amarelos, sendo assim não se assuste se ver um japonês no quilombo pois somos livres pra casar com quem quisermos, na questão quiosques é uma das fontes de renda da comunidade, como é o artesanato, a maricultura o cerco de pesca entre outros projetos ainda em implantação pelo governo federal mais que em breve estarão funcionando, alguns projetos estavam parados por falta de assistencia técnica do INCRA, que já foi solucionado, mais isso também não impede que se tome uma Coca Cola na comunidade, ou que eu venda uma bolsa de não fabricada na comunidade. Quanto a questão de gravação e fotografias os quilombolas são aconselhados a não darem muitos depoimentos sobre a comunidade pois muitos livros já foram lançados com nossa história, sem que a comunidade saiba e muito menos autorize, um exemplo é o lançamento do recente confira Nas Trilhas do Quilombo, onde a comunidade não foi convidada nem pro lançamento do livro, http://www.generoseetnias.com.br/2013/03/lancamento-do-livro-nas-terras-de-quilombo/
Voltando a aula de história um quilombo pode ser formado por fuga,alforria ou por herança (ou doações),ou após a Lei Aurea não existim mais negros escravisados? Ou os libertos que formavam novos nucleos familiares eram chamados de que? Favelas? Mais uma forma de racismo velado... quanto a questão politica quem fez o levantamento técnico do Quilombo foi o Governo do Estado, que em parceria com o Governo Federal conseguiram o primeira Desapropriação por Interesse Social do Brasil, para uma comunidade quilombola.
Espero ter respondido a pergunta do autor, e caso tenha duvida estou a disposição.
Mário Gabriel do Prado
Vice Presidente do Quilombo Caçandoca
Coordenador Geral da Federação Quilombola de SP
Celular 12-997250124
email: apqcaquilombo@hotmail.com