A professora Geni veio de Pindamonhangaba, na década de 1960, para exercer o magistério na escola mista isolada do Saco das Bananas, que funcionava na sala da casa do Luís Januário, no alto da praia do Simão (ou Brava do Frade). Nesse mesmo espaço, de vez em quando, aparecia um padre para a celebração eucarística.
“Era outra época!”. A professora era acolhida pela família da casa como se fizesse parte da mesma; os outros moradores a ajudavam de muitas maneiras. Asseguro que precisava ser alguém com muito idealismo para encarar tamanha tarefa. Algumas dessas pessoas se aculturaram ao ponto de até ficarem por aqui, constituindo família com caiçaras. Alguns exemplos: Marilda e Nelson, Marilena e Zezinho, Jaci e João, Vera e Silvio...
Na “escola do morro” era ensinado de tudo para todo mundo (desde regras de higiene até bordados). Foi por intermédio dessas devotadíssimas pessoas que nós, isolados caiçaras praianos, conhecemos nossos primeiros livros e autores.
Hoje, passando por aquelas paragens desoladas, ao ver cada cava de casa com suas árvores frutíferas que resistem ao tempo, recordo-me dos moradores de outrora, quando os morros eram cultivados, peixes enchiam varais para a secagem e todo mundo se conhecia. No lugar da casa do Luís Januário, entrando na capoeira, encontrei uma ferragem de carteira escolar daquele tempo. Na peça fundida, Brasil é Brazil.
Foi-se aquele tempo e aquela escola!
Foram-se os acolhedores caiçaras!
Ficaram os professores com a mesma tarefa: educar para a evolução da cidadania!
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