Minha avó Roberta contava a história de um farmacêutico que passava de carro pela estrada de terra na área rural de Guaratinguetá, numa terra chamada “dos Corrêa”, quando viu uma menina na beira da estrada pedindo socorro. Ela dizia que sua mãe estava tão doente que não conseguia se levantar da cama. O homem resolveu atender o pedido da menina e a acompanhou até a casinha simples, onde ele encontrou a enferma.
Chegando na casa, a menina, que tinha cerca de oito anos, ficou brincando do lado de fora enquanto o homem tratou de cuidar da mulher, dando-lhe os remédios que carregava consigo e instruindo-lhe para o tratamento. Ao sair, prometeu voltar em breve, despediu-se da menina e foi embora.
Dias depois, o farmacêutico visitou a mulher doente e a encontrou praticamente restabelecida. Não vendo a menina por ali perguntou à mulher: “E sua filha, não está aqui?”. “Não senhor, não tenho filha, sou sozinha”, respondeu, “Mas uma menina me trouxe até aqui...”. “O senhor está enganado, o morador mais próximo fica quase a uma légua daqui”, e assim dizendo foi até a cozinha buscar um copo de água. O homem, confuso, olhou em volta e reconheceu num retrato na parede o rosto da menina que o havia abordado no outro dia. “Aquela menina me trouxe aqui”, disse à mulher que retornava. “Impossível, essa é minha filha que morreu há dez anos. Rezo todos os dias pela alma dela e...” “E graças a ela a senhora está salva”.
(Escrito por Gláucia, por ocasião de seu mestrado em Linguística Aplicada - Unitau)
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