Na minha adolescência convivi com a família Góis, que se deslocara da Enseada para o Perequê-mirim. A matriarca, dona Preciosa, companheira valorosa do seo Dito Góis, era como outra mãe para nós (eu, Fernando, Dominguinho, Dimas...). Ao lembrar-me dela, vem-me à memória o seu falante papagaio e o bravo cachorro chamado Radar.
Todas as vezes que precisávamos passar pelo seu quintal, era necessário chamar a querida dona Preciosa para prender o cachorro. Um de nós gritava: “Dona Preciosa, o Radar tá preso?”. Conforme a resposta dela vinha a ação da gente. Se fosse “Tá. Podem passar!”, a gente prosseguia despreocupadamente. Mas de vez em quando precisávamos esperar. Em tais ocasiões ela dizia: “Esperem um pouco. Vou prender o Radar!”.
Agora, a parte do papagaio: ele logo aprendeu a fala que era quase rotina; acontecia várias vezes de responder por sua dona. Era perfeita a sua imitação (“Tá. Podem passar!”). Acertava muitas vezes, mas também não foram poucas as ocasiões nas quais passamos apuros. Ou seja, a gente acreditava que era a fala da dona Preciosa dando garantias para a passagem, quando na verdade tratava-se de uma informação falsa do papagaio. E lá vinha o Radar desesperado em cima da criançada! Era um corre-corre danado!.
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