Umas artes em casa (Arquivo JRS) |
Cheguei à janela. Ali perto, aquele amontoado, coisa tão sem pé nem cabeça. Na verdade, com muitos pés e cabeças. Uma cachorrada e um amestrador. Interessante demais! É inegável, olhando daqui, que os bichos o adoram.
Um passante me enxergou na janela; olhou de relance. Também se admirou daquela algazarra. "Uma prazerosa farra", diria o finado Dito Funhanhado, um dos pescadores, camarada do Eduardinho da praia da Enseada. E tiraria o inseparável chapéu em sinal de reconhecimento, admiração e de merecimento de honrarias.
Um outro, pedalando apressado, levantou as feições e se distraiu quando não devia. Foi uma mínima fração de tempo que bastou para jogá-lo ao chão. Coitado dele. Mas... que dá vontade de rir dá. Só olhei de esguelha, pensando na vergonha latejante. Caiu, se levantou e foi, ainda meio desequilibrado, em direção da praia.
Voltei a me concentrar no rapaz dos cachorros. Eu não escutava o que era dito, mas percebia diferentes entonações. Lembrei-me de quando, mais cedo do mesmo dia, ao passar na Lagoinha, vi alguém esbravejando com um cão que saíra em desabalada carreira no rumo da rodovia, onde os carros se teciam. O animal parecia entender tudo, se mostrando envergonhado pela bronca.
Daqui da janela, uma página do mundo.
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